quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

De repente, fez-se 28. Sem medos e nem anseios. Sem pensar no passado, nem fazer balanços. Quando a vida (e a barriga) te empurram pra frente parece não fazer mais sentido repensar o passado e visitar os fantasmas. É voltar-se pra frente com todos os sentidos: olhos, pensamentos, ideias, desejos e anseios.
É sentir os movimentos bruscos que agora acontecem em você (e não mais com você) e planejar coisas boas, trazer energias positivas e deixar por perto só o que for bom. Porque é assim que você quer de agora em diante e pra sempre. Porque, então, é preciso pensar grande e cada vez maior. Do tamanho exato que cabe nos 28.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O primeiro livro do Arthur

Arthur nem nasceu e já tem seu primeiro livro. Só poderia mesmo ter sido a Tia Tati a providenciar. Uma delicinha, o livro mescla historinhas de uma mamãe mestre cuca ensinando sua filhota a comer com as receitinhas. Lemos, eu e ele, juntos nas manhãs de sábado em voz alta. E, quando chegar a hora, também aproveitaremos para saborear as delicinhas. Este livrinho já vai pra pequena biblioteca do Arthur e veio, inclusive, com a seguinte dedicatória:

Arthur,
Eu ainda não sei qual será a cor da sua panela, mas sei que a mamãe fará comidinhas especiais e muito nutritivas pra você.
Apreciem muito esse pequeno livrinho de muitas delícias.
Amo vocês!
beijos,
Tati
25/novembro/2010

Agora, a mamãe aqui está cheia de vontade de comprar uma panelinha exclusiva pro Arthur.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Meme

Coloque em negrito o que é verdade:

É noite agora.
Tem alguma coisa que você deveria estar fazendo agora.
Você comeu carne hoje.
Há uma televisão proxima a você.
Você se dá bem com seus vizinhos.
Você está com fome agora.
Você trabalhou hoje.
Você tem um emprego.

Seus pais ainda estão juntos.
Você acordou antes das 11:00 hoje.
Gatos são melhores que cachorros.
Crepúsculo é uma saga horrível.
Harry Potter é uma saga horrível.
Seu celular está perto de você.
Sua cor preferida é azul ou roxo.
Seu cabelo é curto.
Você está sozinho agora.
A última coisa que você bebeu foi água.
Seu cabelo é da cor natural.
Você não bebe refrigerante.
Você tem pelo menos 50 reais na sua carteira.
Você leu pelo menos 5 livros esse ano.
Você conhece alguém que está no hospital agora.
Você tomou banho hoje.
Você conhece alguém que venceu o câncer.
Você prefere usar tênis.
Chocolate é melhor que baunilha.
Você é alérgico a amendoim.
Você nunca foi a Londres.
Você quer ir à Europa.
Você está usando um notebook agora.
Cirurgia plástica é uma boa idéia.
Seus amigos usam drogas.
Você está usando algum esmalte agora.
Você já fez uma dieta.
Você está usando meias agora.
Você cortou seu cabelo no último mês.
Seu aniversário é nos próximos 3 meses.
Filmes de comédia são melhores que de ação.
Você é horrível em matemática.
Você é fluente em mais de uma língua.
Você adora salada.
Você tem 3 ou mais travesseiros na sua cama.
Você vive com seus pais.
Você está feliz agora.
Você já se formou no colégio.
Você tem um animal de estimação.
Você tem olhos claros.
Seu nome tem mais de 5 letras.
Você está em um relacionamento.
Você consegue contar até 50 em outra língua.
Você já dirigiu um carro.
Você vive fora do Brasil.
Você tem mais de 18 anos.
Você tem algum parente no Exército.
Você é filho único.
Você é vegetariano.
Você já foi aos Estados Unidos.
Você tem uma tatuagem.
Você tem um piercing.
Você usa aparelho.
Você usa óculos ou lentes.
Você tem cabelo cacheado.
Você saiu para comer na última semana.
Você esteve bêbado alguma vez no último mês.
Você é bissexual ou homossexual.
Você foi ao cinema no último mês.
Você se interessa em política.
Você é BV.
Você beijou 2 ou mais pessoas esse ano.
Você beijou alguém no último mês.
Você foi abraçado hoje.
Você já pagou mais de 250 reais em alguma roupa.
Você gosta de Lady Gaga.
Você ama rock.
Você ama música eletrônica.
Você ama rap ou hip hop.
Você ama MPB.
Você ama música antiga.
Você já tirou fotos de si mesmo só porque estava entediado.
Você conhecia alguém com menos de 10 anos que faleceu.
Você já esteve em um acidente de carro.
Você já fumou cigarro.
Você já experimentou algum tipo de droga.
Você acredita em horas iguais.
Você já ficou com alguém 5 anos mais novo que você.
Você já ficou com alguém 10 anos mais velho que você.
Você já terminou com alguém para ficar com outra pessoa.
Alguém já terminou com outra pessoa para ficar com você.
Você já teve o coração partido.
Você já partiu o coração de alguém.
Você é cristão.
Você é espírita.
Você já passou 48 horas acordado.
Você está sentindo saudades de alguém agora.
Você ficou triste recentemente.
Você já traiu alguém.
Você já foi traído.
Você tem um coração partido nesse momento.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Final de ano

Tão cansada que só penso no tal de recesso de final de ano, que começa dia 17 de dezembro e só termina dia 10 de janeiro. Apesar do meu aniversário estar pouco antes, pouco penso nele. Só quero mesmo meus dias de descanso. Vou comemorar, claro, já que não posso bebemorar e nem deixar a data passar em branco, mas se pudesse pulava direto pro dia 17.
Com o avanço da gestação, também tenho feito exames semanais. De rotina, é bem verdade, mas que tomam tempo e acabam me desligando (ainda mais) do trabalho. O ultrassom, que é sempre o exame mais legal de fazer, é super esperado e está marcado para quinta-feira. E, desta vez, vai ter plateia para ver o Arthur.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A vizinha

Outro dia estava entrando no elevador quando ouvi a porta da vizinha se abrir. Segurei o elevador esperando por ela. Quando ela me viu - de barriga já avantajada - me perguntou:

Vizinha: (entre curiosa e espantada)Você está grávida?
Eu: (feliz e enfática) Sim.
Vizinha: (empolgada) Parabéns, que bom!
Eu: (Orgulhosa) Obrigada.
Vizinha: (mais curiosa ainda) De quanto tempo?
Eu: (mais afirmativa ainda) De cinco meses.
Vizinha: (espantada) Nossa, mas já? Então, daqui a pouco a gente vai ter um bebezinho por aí.
Eu: (jocosa) É, daqui a pouco você vai ter que aguentar uns choros de bebê.
Vizinha: (fofa) Com todo prazer!

domingo, 28 de novembro de 2010

URL não encontrada

Tenho pensado em mudar o endereço do blog. Uma vez que meu único assunto é a gravidez, o Arthur e os assuntos correlatos penso em escrever um blog só pra isso. Mas e se o assunto morrer? E se vier a vontade de escrever sobre outras coisas? Pois é, não mudo por isso. Mas ainda estou em dúvida. Aliás, com várias dúvidas: Se mudar, abandono este de vez este? Faço mais e fico aumentando a lista de blog com meu nome e sem atividade?
Muitas dúvidas e poucas certezas. Definitivamente, igual a gravidez.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

No inferno astral

Impressionante como a paciência anda curta, o cansaço anda grande e a irritação em mode on o tempo todo.
Pode ser a gravidez - que como disse a uma amiga é praticamente uma TPM que dura 9 meses -, mas também soma-se a isso o final de ano e, claro, o inferno astral.
Então cá estou eu, muda e calada, no meu canto para não sobrar pra ninguém e para tentar eu mesma me suportar. Quando fico mal-humorada nem eu mesma me suporto, então ficar quietinha é o jeito de fazer ninguém mais ter que me suportar.
O bom é entrar na contagem regressiva do recesso de final de ano, que vai ser de 20 (!) dias. Se bem que, ultimamente, nem isso tem conseguido me animar. Haja paciência!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

É você, filho?

Há alguns dias (nem muitos e nem poucos) tenho percebido pequenas e leves (bem leves) cutucadas no ventre. Não são constantes e nem sempre percepitíveis - eu só noto mesmo quando estou sentada à frente do computador ou no sofá assistindo tevê.
Imagino e deduzo que já seja você filho. Mas ainda não tenho certeza. A resposta deve vir hoje após a consulta mensal do pré-natal.
Esta semana também fomos conhecer onde você deve nascer. Fomos à visita guiada na maternidade e nós eramos os menos barrigudos. Todas as outras grávidas estavam enormes. Acho que você não gostou muito disso não e resolveu aparecer de vez a partir de ontem. Agora, todo mundo nota que você existe aqui dentro, o que me deixa feliz, radiante e orgulhosa.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Durante anos não conseguimos falar de outra coisa. Nossa conduta diária, dominada até então por tantos hábitos lineares, começara a girar, de repente, em torno de uma mesma ansiedade comum. Os galos do amanhecer nos surpreendiam tentando ordenar as numerosas casualidades encadeadas que tornaram possível o absurdo, e era evidente que não o fazíamos por um desejo de esclarecer mistérrios, mas porque nenhuma de nós podia continuar vivendo sem saber com precisão qual era o espaço e a missão quê a fatalidade lhe reservava."

Crônicas de uma morte anunciada, Gabriel Garcia Márquez.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Das coisas estranhas

Não bastando a revolução hormonal, que nos afetam por demais na gravidez, outras tantas coisas bizarras começam a acontecer.

* Amo amo amo chocolate. Mas desde que engravidei não consigo comer. Racionalmente eu até penso em comer, mas na hora H a vontade some e eu não tenho nem coragem de colocar o tal chocolate na boca. Com a embalagem aberta e tudo, o chocolate acaba indo para outras bocas.

* Ontem foi ainda pior. Depois de jantar (muito bem, diga-se de passagem) minha irmã veio com uma caixinha com legítimos macarrons parisienses. Olhei e me deu um negócio. Deu um nó no estômago e eu saí logo da mesa para não causar um estrago. Sentei no sofá e a barriga até tremia. Fiquei uns 10 minutos acalmando o Arthur dizendo que não ia comer aquilo.

* A barriga (ou a pouca barriga que já tenho) fica gelada só na ponta. Mesmo com blusa e agasalho.

* Você dorme (quase) sem barriga e acorda com (alguma).

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vocativo

Eu sempre te chamei de filho. Mesmo agora que você já tem nome e sobrenome, ainda te chamo de filho. É assim que nossas conversas começam: Filho, blablablablabla. Ou então como terminam: blablablablá, né Filho?
No final de semana sonhei, pela primeira vez, com você. Sim, você como você. Quer dizer, você como Arthur porque só saberei se era mesmo você depois que você nascer. Sonhei com seu nascimento. Me lembro da emoção que senti no sonho. Como chorava. Como era intenso aquele momento. E como era lindo você me olhar simplesmente quando eu te chamava de Filho.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Piada pronta

Arthur vem vindo e desde sua descoberta as piadas surgem naturalmente. Se ele não for um grande fanfarrão, não sabemos como será.
Logo que descobrimos a gravidez tínhamos acabar de voltar das férias em Buenos Aires. E então, pronto: Foram lá fazer um argentino? ou Poxa, foram conceber o bebê justo na Argentina! foram as primeiras.
E então, pacientemente, a gente explicava: Não, pessoal, ele já estava feito, a gente é que não sabia.
Agora, as piadas, claro, vêm com o nome. Ah, vai ser Arthur, então vou dar uma espada para ele. Eu, protetora e fanfarrona, já respondo logo: Não precisa, ele vai vir com uma!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Hora de mudar

Certos acontecimentos forçam mudanças. Às vezes é bom. Faz a gente sair da mesmice, mudar a rotina e dar uma guinada na vida. Mas a mudança agora é pra valer.

Embora ela venha aos poucos (durante os nove meses da gestação), eu não posso deixar de notar o que já mudou na vida, no corpo, na casa, nas prioridades, em tudo.

As primeiras, são aquelas que você não entende. O humor alterado, as emoções a flor da pele e os enjoos esporádicos que só são entendidos algum tempo depois da confirmação - quando finalmente cai a ficha. Mesmo porque na hora do resultado, a única coisa que você sente é um torpor. É uma emoção que te tira do chão, da razão, de qualquer pensamento sensato. É como uma montanha-russa na primeira descida: você entrou, sentou no carrinho, subiu, subiu, subiu, está esperando por aquilo, mas na hora da descida você não está preparado e sente um turbilhão de sentimentos como medo, ansiedade, frio na barriga, aflição, adrenalina, etc.

E junto com a descoberta, a primeira mudança (nos planos) e a primeira decisão tomada: trancar a pós-graduação.

Depois, veio a galope a mudança do corpo com as calças que não servem, com a busca por conforto pra mim e pra ele e com as devidas adaptações.

Agora, aos poucos, transforma-se a casa. Tira uma cama, muda o computador de lugar, re-arruma guarda-roupas, faz-se planos aos montes.

Penso também no que vai mudar depois da chegada do Arthur, mas isso, ah, isso só vou conseguir mesmo saber depois que o Arthur chegar.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tigre em fotos

Tigre, linda

Estação fluvial

Estação fluvial de cinema

Humilde casa

No Museu

O museu

A cidade

A Marina

Estação Delta

Ligeiramente descabelada só pra alcançar o trem

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O 4º dia

Finalmente no quarto dia abriu o sol. Não que estivesse calor. O vento gelado em Buenos Aires para uma friorenta como eu é suficiente para vestir casaco e cachecol.

Mariana, do nosso Querido Hotel (em todos os sentidos), nos indicou que seria melhor irmos até a estação de Maipú de taxi e não fazer uma mega baldeação de metrô e trens. Além de ser mais rápido, seria mais bonito.

E lá fomos nós, de Taxi, rumo à estação de Maipú para pegarmos o Trem de La Costa e desembarcar em Tigre, na estação Delta - onde começa o Rio Paraná.

A cidade é um charme. Se alguém me pedisse pra responder rapidamente onde na vida eu gostaria de morar eu responderia em Tigre: ruas calmas, a beira do rio, com espaço para as crianças na orla do rio, com um museu lindo e uma estação fluvial digna de cinema.

Eu não precisaria mais do que isto. O dia foi super agradável. Chegamos lá pelo trem de la costa, que vai beirando o rio da Prata, que parece mar de tão largo e grande e cidades lindas - e ricas -. Você pode descer em qualquer parada e seguir no mesmo sentido até o final sem pagar nada a mais por isso. Como estávamos com horário contado para os passeios não paramos em San Isidro, que parece linda também e bastante badalada.

Fomos direto, perdemos o ônibus de turismo por não encontrar o ponto do ônibus e acabamos indo almoçar. Depois, voltamos para pegar o ônibus novamente e para tal sentimos uma dificuldade imensa. Os pontos são mal localizados e a gente estava bastante perdido sem conseguir nenhuma informação. Andamos novamente até o ponto de antes - que era meio longe, mas não tínhamos encontrado outro ponto. Esperamos pelo ônibus e fizemos um passeio pela cidade com direito a parada no Museu de Tigre (única parada parável, na minha opinião). Ficamos lá meia hora, ou seja, até o próximo ônibus e depois corremos pra estação fluvial para pegar a embarcação que fazia um passeio pelo rio.

O marido simplesmente adorou este passeio, já eu aproveitei mesmo pra cochilar no barco. É bonito, mas demorado demais. E isso que o passeio que escolhemos só andava por ali e durava 1 hora, imagine ir até Buenos Aires que leva o dobro (é possível escolher a embarcação que volta até o Porto Madero)? Quando o passeio acabou saímos em disparada para conseguir pegar o trem das 17h e não ter que esperar mais 30 minutos que, a esta altura do dia, pareceria 2 horas.

Mas a gente nem imaginava que o pior ainda estava por vir. Apesar de ter dado tempo de pegar o trem, quando saímos na estação de Maipú, SURPRESA, pegamos uma gigante manifestação da juventude peronista. A avenida de duas pistas e com 5 faixas cada estava tomada de gente e interditada. Eu, me achando rata de passeata, estava achando o máximo e achei que ia ser fácil passar pela multidão.

Realmente, difícil não foi. Mas se tívessemos ouvido o guarda que dizia: melhor vocês voltarem para a estação e pegarem o trem para retiro, teríamos nos saído melhor. Mas eu disse: Imagina, demora uns 40 minutos pra chegar lá e depois de lá ainda vai demorar mais uns 20 minutos pra chegar no hotel. Se a gente atravessar a multidão, pega logo um taxi e volta em 30 minutos.

Realmente caminhar entre a multidão não foi difícil e em 20 minutos cruzamos a manifestação. O problema é que taxi nenhum parava para a gente. E a gente acabou andando pelo menos uma hora até arranjar um taxista que disse: até este lugar eu não levo vocês! Como a gente estava fora da cidade de Buenos Aires o cara não queria ir até lá e alegou que o carro dele não estava bom. A nossa sorte foi que o outro taxista do mesmo ponto nos levou.

Putz, esse apuro foi total. Mas a gente só consegui rir e andar. Ria e continuava andando atrás de um taxi que parasse. Realmente, nada tirava nosso bom humor.

Sentados no taxi, o cansaço bateu. Voltamos pro hotel, dormimos e depois tomamos banho e sem nenhuma coragem de sair de novo depois da saga que tínhamos vivido. Resolvemos pedir uma pizza no hotel mesmo (claro que a super Mariana nos ajudou mais uma vez). Regados a vinho, batemos papo, comemos pizza e rapidinho voltamos pro quarto pra dormir e descansar do dia turbulento.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Algumas imagens do primeiro dia

No bus turístico

Na Boca

No Museo da Passion Boquense

Na Boca

No Hard Rock Cafe
Recalculando a rota

Foi no terceiro dia que achei que não ia valer a pena ir até Colonia del Sacramento como planejado. Estávamos relativamente longe do Porto Madero e a embarcação sairia de lá às 8h - como se tratava de uma viagem até outro país, a exigência era de estar lá uma hora antes. Só que pra estar lá às 7h teríamos que acordar às 5h.
Quem merece acordar às 5h em plenas férias? Mesmo que fosse para passear eu desistia. Especialmente porque a volta obrigatoriamente aconteceria às 19h. Ou seja, cansativo demais e estressante também. Abortamos a ideia sem peso na consciência.
O quinto dia ficaria com uma volta no centro para fotografar melhor os pontos turísticos, ir ao obelisco, entrar na catedral e o que mais desse para fazer. Além, claro, de ir atrás de algumas encomendas.
Acho até que o meio da viagem é um ótimo período para ajustar planos, recalcular a rota e refazer o roteiro. Foi o que fiz e foi a melhor coisa.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma pausa de mil compassos

Às vezes eu acho que não vou terminar nunca de contar como foi minha semana de férias em Buenos Aires.
Ontem recebi 130 fotos que mandei imprimir. Ainda tem umas 80. Vou mandar imprimir também. E montar um álbum. E escolher algumas para colocar aqui. Eu juro.
Isso sem contar todos os papéis que acumulei e guardei da viagem.
Quem sabe até o final do mês eu consiga mudar de assunto.
Enquanto isso a vida segue e cresce. E me deixa feliz.

domingo, 3 de outubro de 2010

3º dia em BasAs

Fomos ao zoológico. Eu tinha lido nas minhas pesquisas que o zoológico de Buenos Aires era incrível, imperdível, etc e tal. Eu, como amo zoológico e passeios de criança, inclui ele no meu roteiro como algo que não poderia sair. Este era um passeio imperdível. E foi. Eu simplesmente amei. Tirei a maioria das fotos da viagem lá.

Foi uma manhã deliciosa. O dia estava nublado e frio, mas nada que cachecol, luvas e botas não resolvesse o problema. E foi assim que saímos: encapotados para mais um dia de passeio.

Foi aí que comecei a notar como o marido é ansioso e perceber que eu tinha cometido um grave erro. Ainda no meio do roteiro do zoológico ele começou a me perguntar o que faríamos depois, depois e depois.

A ansiedade dele em terminar o roteiro do dia era gigante. Ele queria me agradar e dar conta de todos os passeios que eu planejei (e que eram muitos), mas isso começou a me incomodar. Hoje, depois da viagem, percebo que ele é sempre assim ansioso para resolver tudo ao mesmo tempo agora e penso que devia ter preparado um roteiro para ele (com tudo escrito) para que ele não mais me questionasse e simplesmente curtisse.

Eu estava no clima de férias total. Sem pressa. O que desse para fazer, faríamos, o que não desse ficaria para outra vez. Mas a ansiedade dele começou a me incomodar e eu comecei a pular partes do roteiro.

Neste dia, especificamente, saímos do zoológico e não passamos nem pelo jardim japonês e nem pelo rosedal, que estavam ali do lado e rezava a programação. A pressa dele era tanta em me satisfazer e em terminar o roteiro que eu acabei pulando direto pro cemitério, que tinha abortado no dia anterior porque ele estava cansado demais para mais uma parada no bus turístico.

Almoçamos e fomos ao cemitério, visitamos o túmulo de Evita, demos muitas risadas e saímos ali naquela praça gigante e linda que fica em frente ao cemitério da Recoleta. Muitos cafés, a sorveteria Freddo, e uma praça linda, com uma árvore gigantesca. Pronto, por mim ficava ali o resto do dia, mas ele ansiava por mais e pedia: o que vamos fazer agora, e depois?

E isso cansa. Enquanto eu estava no espírito passeio ele estava no espírito maratona ou corrida com obstáculos, não sei. E aquilo começou a me irritar e eu comecei a fazer coisas. Primeiro, resolvi que queria tomar sorvete. Estava frio, mas e daí? Estava lá e tinha que provar o sorvete de doce de leite. Fomos. Depois, inventei de tirar fotos nas cabines telefônicas estilo às inglesas, depois fotos na árvore, depois resolvemos entrar na Igreja que tinha ali ao lado.

Enfim, comecei a fazer coisas. Ele perguntava, e agora? E eu olhava alguma coisa e inventava o que fazer.

Depois da Igreja voltamos para o hotel. Pegamos um Taxi e voltamos para descansar. No final do dia, com chuva, fomos a algum bar ali por perto mesmo com indicação da Mariana, a dona do hotel, que ainda nos emprestou um guarda-chuva.

Fomos e voltamos ali perto mesmo por causa da chuva e da dificuldade de encontrar um Taxi disponível. O dia seguinte prometia pois iríamos até a cidade de Tigre e ainda teríamos que descobrir como era melhor chegar até lá.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

2ª noite em Buenos Aires

Não paramos em outros pontos. A tarde já avançava e o cansaço tomava conta. Resolvemos descer no último ponto, pegar o metrô e voltar para o Hotel. Era final de tarde.

Chegamos ao hotel ainda dia. Resolvemos descansar. Alê pegou no sono. Eu aproveitei pra ligar a internet e conversar com o Brasil e baixar fotos e colocar na internet.

Lá pelas sete da noite fomos pro banho e caímos na noite: rumo à Hard Rock Cafe. Pedimos um taxi e lá fomos nós.

Na ida, no rádio tocava Ricky Martin. Pedi ao motorista para aumentar o som. Fui cantando e feliz da vida de ouvir o Ricky no rádio.

Na Hard Rock conhecemos a garçonete mais fofa de Buenos Aires inteira. Jacquelina nos atendeu tão bem, tão bem, tão bem, que parecia íntima do casal. Sentou à mesa, explicou os pratos vegetarianos da casa, fez uma deliciosa sugestão, requentou o prato no final da noite e ainda escreveu um bilhetinho em nossa conta.

Claro que ela também estava pensando na gorjeta, mas ela foi tão fofa que fiquei ainda mais apaixonada por Buenos Aires.

Diz, tem como não se apaixonar pelos portenhos? E olha que num dia só eu tinha vários motivos para me apaixonar por eles e pela cidade, que é limpa, conservada e muito bonita!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pra se apaixonar ou O 1º dia em BasAs

A gente ia fazer o bus turismo. Mariana, a dona do hotel que a gente ficou, recomendou que parássemos mesmo só no Caminito, que é longe e não tem acesso se não for de taxi. Já os outros pontos ficavam mais perto de outros pontos turísticos ou até mesmo do centro ou do metrô, então não era de grande valia.
Como o Bus Turístico tem ponto de saída da Calle Florida com a Diagonal Norte fomos até lá de metrô. Estávamos na linha vermelha, próximo à estação Malabia. Ela nos ensinou como chegava ao metrô, que sentido chegar e onde descer. E fomos.
A princípio a estação assustou. É muito diferente de São Paulo. A plataforma é pequena, há bancas de jornal e de alimentos dentro do metrô (nas plataformas, pra falar a verdade), é muito escuro e parece mais suja e menos organizada que em SP. O trem também é bem velho, barulhento e bem mais estreito que em SP. Não tem jeito, não dá pra não comparar. Embora tarde (umas 10 da manhã, quase 11), o trem chegou cheio. Com gente cantando e tocando dentro pra arranjar algum dinheiro. Entramos e percebemos que as estações não eram anunciadas e nem havia um painel com a lista de estações.
Por sorte, eu tinha um mapa e então sabia onde teria que descer (na verdade, depois de qual estação deveria me preparar). Ale, a princípio, ficou um pouco perdido porque nunca anda de metrô em SP, mas como estou acostumada, achei fácil. Descemos na estação e na Rua Florida e nos dirigimos ao cruzamento.
E, então, para onde vamos? Para esquerda ou para direita? Dilema. Abrimos o mapa e então enquanto tentávamos nos localizar no mapa um senhor parou e disse:
- Não precisa procurar, eu ajudo vocês. Onde vocês querem ir?
De imediato, respondi: à Diagonal Norte.
E então, ele perguntou de novo: Mas com qual?
Lembrei que eles se localizam por esquinas e então respondi novamente: Florida com Diagonal Norte.
Então ele disse: É só continuar por aqui (e apontou para o outro lado da avenida)- a quatro quadras é a Diagonal Norte.
Agradecemos efusivamente quando ele respondeu:
- Obrigado vocês por estarem no meu país!

Sério, alguém mais no mundo não iria se apaixonar por Buenos Aires, pelos portenhos, pela cidade e por tudo? Eu, que já estava apaixonada antes mesmo de desembarcar por lá, já não precisava de mais nenhum motivo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Um dia caótico

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite. Mas de uma terça-feira que começa caótica, o que devemos esperar?

Parece que estava prevendo. Tomei banho calmamente. Passei hidratante no corpo. Sequei o cabelo. Olhei o céu e troquei a manga comprida por uma manga curta. Me vesti, passei perfume, arrumei as coisas e saí.

Esperei o ônibus e desci na Barra Funda - caótica. Estação fechada e sem previsão de abertura. UsuárioS na linha. E então? Liguei ao trabalho e avisei, mas decidida resolvi pegar o trem - coisa que NUNCA faço porque ODEIO. Na verdade, tenho medo de andar de trem. Por preconceito, até pode ser, mas era melhor do que esperar ad infinitum o problema do metrô resolver.

Peguei o trem na Barra Funda, sentido Julio Prestes. Leiga, achei que seria a mesma coisa que a Luz - estação onde tem trem para o Brás, onde trabalho. Ledo engano. Tive que sair da estação Julio Prestes e caminhar até a Luz. Como não gosto daquela região fui rezando.

Na Luz achei a plataforma de embarque e vim, ainda bem, em um trem vazio. Mas como as pessoas fedem no trem. E logo hoje que eu estava até perfumada!

Apesar do atraso, cheguei ao trabalho. Só espero que a maratona não se repita na volta ou que não caia uma chuva torrencial porque justo hoje eu deixei meu guarda-chuva em casa.

No final das contas, de um dia que começa caótico eu só espero mesmo que o dia termine bem, como cantaria Luciana Melo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

1ª noite em BsAs

Embarcamos para Buenos Aires às 15h15 de uma segunda-feira. Ótimo horário. Chegaríamos lá no final da tarde e a tempo de ir pro hotel se trocar e encarar o primeiro programa: um show de Tango. Antes de sair do Brasil verifiquei com a dona do hotel em que estávamos e ela me garantiu que não seria necessário fazer reserva. Melhor ainda.
Eu queria ir ao Cafe Tortoni, tradicional, famoso e tal. Era para lá que iríamos.
Depois de esperar 2 horas pra embarcar - a tal antecedência pedida para voos internacionais - e voar mais quase 3, o pique foi embora. Fila no aeroporto para trocar dinheiro e caminho ao hotel. Quem tinha pique mesmo de ir assistir um show de tango?
Ideia abortada. Acabamos indo a pé mesmo, conselho da Mariana, dona do hotel e que merece um post a parte, para um bar que ela mesmo indicou. Chamava-se Antares e apesar de ser segunda-feira deveria estar aberto porque era feriado. O bar tinha degustações de cervejas artesanais - coisa que eu e o marido gostamos bastante - então partimos pra lá.
Ainda de noite, em nossa primeira saída, as primeiras impressões. Embora fosse quase dez da noite, mulheres caminhavam com um carrinho de bebê, gente pela rua e parecia outro lugar no mundo. Segurança e tranquilidade para andar pela rua naquele horário. Fomos até o bar que ficava a umas 7 quadras do Hotel e era uma gracinha. Tinha bastante casais e éramos apenas mais um - só que turistas. A maioria ali parecia mesmo local.
Fizemos a degustação de cervejas. Eram 7 copinhos de 75 ml. Só tinham 5 cervejas disponíveis e eu só consegui beber 2. As outras, como eram ou escuras ou muito forte (ou os dois), acabei deixando de lado. Mas valeu a experiência.
As duas cervejinhas eram tão fortes (acabei tomando 4, porque repeti as duas que gostei) que tivemos que sair de lá de taxi. Pronta pro sono dos justos e dos bêbados.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Minha Buenos Aires

Sei lá porque cismei com Buenos Aires. Acho mesmo que nem Freud explica. Tinha que ir pra lá de qualquer jeito nas minhas férias. Era uma questão de vida ou morte. Pelo menos pra mim. E então comecei a falar de Buenos Aires. Mas falar sem parar. E depois passei a pesquisar: sites, fóruns, revistas de viagens, encartes de jornal, tudo. Achei blogs, guias e muitas, muitas informações.

E então fui me empolgando, e empolgando, e empolgando. Até que o marido diz sem quê e nem porquê que não queria ir para lá. Que não tinha vontade de conhecer, que isso e aquilo. Brochei. A viagem ia ser nossa segunda lua de mel.

Brochei e pedi uma segunda opção de lugar, então. Eu estava com Buenos Aires na cabeça e não pensava em mais nada. E se era ele quem não queria ir para lá que me disesse, então, para onde iríamos.

E eu parei de falar de Buenos Aires. Mas continuei lendo e pesquisando.

E ele nunca me deu outra sugestão. Apenas me disse: o Brasil é grande. Tá bom, isso eu sabia. Mas não queria Brasil - pro sul estava com trauma e pro nordeste mais ainda. Ainda insisti algumas vezes questionando onde ele queria ir. Sem respostas.

Chegando junho, me enchi. Dei o ultimato. Ou você escolhe outro lugar ou vamos para Buenos Aires. Ele deu de ombros e eu ri. Ok, Buenos Aires. Fui atrás de passaporte, passagens, hospedagem e roteiro.

Como tinha muitas informações, fiz roteiros imensos, mas que não eram fixos. Tinha a facilidade de mudar tudo conforme queríamos e então partimos, a princípio, com este roteiro.

16/08 - Embarque em SP e desembarque em Buenos Aires no final da tarde. À noite, jantar com tango.
17/08 - Bus tur com as paradas anotadas de onde ir e o que ver. De noite, Hard Rock Cafe.
18/08 - Zoológico. Cassino de noite e jantar em Porto Madero.
19/08 - Visita à cidade de Tigre.
20/08 - Visita à cidade de Colônia del Sacramento, no Uruguai.
21/08 - Roteiro em Buenos Aires (o que faltou e caminhada por Palermo).
22/08 - Volta à São Paulo.

Claro que não aconteceu tudo isso e nem exatamente assim, mas no próximo post eu conto mais sobre como foi e como eu construí a minha Buenos Aires.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

De férias

Comecei a colocar as coisas em ordem. Desarrumei as malas e coloquei tudo no lugar. Arrumei a gaveta e armário do banheiro de casal. Ainda aguardo mais descanso pra depois partir pro armário do quarto de visita que tem uma bagunça danada. Ainda tem que baixar as fotos da viagem e colocar umas coisas no devido lugar, que ficam sempre esperando sua vez. É, a vez delas nunca chega. Acabamos de fixar o mural, mas ainda falta comprar os pins e arrumar a escrivaninha. Tem a louça do almoço pra lavar e o mercado pra fazer. Pelo menos as contas eu já paguei. E sem contar as outras coisas que ainda me propus a fazer. Ah, as férias podiam durar mais uns 30 dias!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tela em branco ou um blog sem atualização

Às vezes, eu venho até aqui e não consigo escrever por problemas técnicos. Não sei qual a incompatibilidade que tem tido entre minha máquina do trabalho e o blogger, só sei que não abre e eu não consigo escrever. Na maioria das vezes, é falta de assunto mesmo. Acabo dizendo tudo ou boa parte ou alguma coisa lá no twitter e então acaba o assunto, a ideia, a inspiração.
Além do que a preguiça tomou conta faz um tempo - infelizmente. Como as tarefas do trabalho são muitos eu acabo não tendo mais vontade nenhuma de escrever além do necessário. Então nem faço esforço pra escrever mais aqui. Andei pensando em mudar a casa e alterar a foto e a cor do blog, pra ver se ajuda, mas faltou coragem. Também pensei em mudar de blog, já que esse eu tenho há tanto tempo e talvez isso ajudasse, mas para abandonar este blog faltou ainda mais coragem.
Então vou seguindo sem atualização e aproveitando os raros momentos de inspiração sem problemas técnicos para aparecer. Sinto falta daqui, por isso, no fundo, espero que as férias e a viagem ajudem a trazer de volta a inspiração e a vontade de escrever.
Na verdade, eu ainda não desisti.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O amor a gente sente

Assim simples: amor a gente sente. No dia a dia, em pequenos gestos. No papo antes de dormir, em uma preparação de almoço, em uma defesa ou na compra de uma briga que nem é sua. É assim que eu tenho sentido há algum tempo.

Logo que a gente casou não era assim. A adaptação era parte integrante, então, o esforço era imposto. Depois de quase 16 meses(!), eu sinto o amor transbordar no dia a dia mesmo. Em pequenos gestos. Quase todo dia. Seja na preparação do almoço, em que ele corta as batatas enquanto eu lavo a louça; ele prepara a salada enquanto eu fico encarregada do arroz. Assim fica mais fácil e rápido.

No começo, ir para a cama era sinônimo de dormir. Hoje, é o momento que temos para falar de tudo um pouco, do dia, da vida, dos planos, dos problemas, do trabalho, das ideias sem que nada (nem a tv, nem o telefone e nem ninguém) interferir. Claro que tem aqueles dias em que é só deitar que o dia acabou, mas isso também é sinal de que estávamos cansados.

Rimos quase todo dia - um do outro, das piadas e das graças da vida a dois ou a dez -, dividimos impressão, comentários, opiniões, dúvidas e músicas. Fazemos planos. Planejamos férias e filhos.

Porque assim, ao lado dele, nem parece impossível ser feliz para sempre.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago *1922 + 2010

Poucas são as mortes de famosos que admirava e que pude sentir até hoje. A mais marcante ainda é a de Senna, embora eu tivesse cerca de 9 anos. Ainda lembro com nitidez do dia, do que fazia, com quem estava. Não cheguei a ver sua morte - criança ainda brincava com meus primos quando soube.

No entanto, hoje ao ler sobre a morte do Saramago meu coração deu um salto. Lembrei de um professor da faculdade, que o tinha conhecido pessoalmente e tinha um grande orgulho por isso. Lamentei não ter tido a mesma sorte. Lamento pelos livros que não mais serão lançados.
No meu acervo particular
Não li muitos livros do Saramago. Comecei pela História do Cerco de Lisboa, que abandonei. Anos depois li o celébre Ensaio sobre a Cegueira e então me apaixonei. Como podia ele se exprimir tão bem sem pontuação? Como sua literatura podia ter tanta força e expressão sem vírgulas, exclamações, interrogações? A estória ainda sem isso tem ritmo! E como é envolvente. Jamais me esquecerei da experiência que tive quando li Saramago. Não só pela sua escrita que impõe o ritmo como pela sensação causada por esta literatura.

Depois li O Evangelho segundo Jesus Cristo e mais ainda gostei da literatura dele. Engraçado um homem ateu escrever tanto sobre Deus - seu último livro trata do velho testamento.

O último livro que li foi As intermitências da morte e é excelente. E meu mergulho e admiração por Saramago se dão apenas por 3 experiências literárias. Imagine se tivesse lido mais?

A posteriori
Não sei se é tarde demais admirá-lo por tantas coisas que só fiquei sabendo agora.
Como não admirar ainda mais sua literatura se ela vem de um homem que estudou apenas até aos doze anos? Isso sem sequer citar o Prêmio Nobel de Literatura. O único em língua portuguesa.
Outra coisa que não sabia (e só descobri agora) é que ele escreveu poesia. Antes tarde do que nunca, como dizem. Afinal, a poesia e toda a bibliografia dele são boas indicação para as próximas leituras.
Bibliografia
Poesias
- Os poemas possíveis, 1966
- Provavelmente alegria, 1970
- O ano de 1993, 1975

Crônicas
- Deste mundo e do outro, 1971
- A bagagem do viajante, 1973
- As opiniões que o DL teve, 1974
- Os apontamentos, 1976

Viagens
- Viagem a Portugal, 1981

Teatro
- A noite, 1979
- Que farei com este livro?, 1980
- A segunda vida de Francisco de Assis, 1987
- In Nomine Dei, 1993
- Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, 2005

Contos
- Objecto quase, 1978
- Poética dos cinco sentidos - O ouvido, 1979
- O conto da ilha desconhecida, 1997

Romance
- Terra do pecado, 1947
- Manual de pintura e caligrafia, 1977
- Levantado do chão, 1980
- Memorial do convento, 1982
- O ano da morte de Ricardo Reis, 1984
- A jangada de pedra, 1986
- História do cerco de Lisboa, 1989
- O Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991
- Ensaio sobre a cegueira, 1995
- A bagagem do viajante, 1996
- Cadernos de Lanzarote, 1997
- Todos os nomes, 1997
- A caverna, 2001
- O homem duplicado, 2002
- Ensaio sobre a lucidez, 2004
- As intermitências da morte, 2005
- As pequenas memórias, 2006
- A Viagem do Elefante, 2008
- O Caderno, 2009
- Caim, 200

sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos Namorados in Concert

Dia dos namorados é sempre igual: todos os bares, restaurantes e motéis estão lotados. É impossível ficar de bom humor em filas e mais filas, por isso, esse ano resolvi comemorar em casa e também chamar os casais amigos. Assim, todo mundo entra num mesmo clima romântico com um bom fondue regado a vinho e ótimas companhias.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Em clima de Copa

Eu amo esportes. Para assistir e não para praticar, que fique claro. Até para trabalhar o assunto é bacana, envolvente e emocionante.
Copa e Olimpíadas são emocionantes e eu amo torcer, acompanhar os jogos e assistir abertura e encerramento.
Ontem acompanhei o show de abertura entre uma tarefa e outra. No começo da semana, o diretor discutia aqui se liberava ou não enquanto a funcionária (que mora na quadra ao lado) dizia que vão colocar telão no prédio e, por isso, não achava necessário dispensar. A espertinha, que pode assistir ao jogo em casa, pouco estava se importando com os outros. Quando fui questionada sobre isso fui tão incisiva que não queria assistir ao jogo aqui que o assunto acabou. Dispensados e fim de papo! Ainda há a polêmica do horário, mas isso eu vou deixar para resolver na segunda-feira mesmo.
No jogo que vai acontecer no domingo, a intenção é levar a torcida lá pra casa. E eu já estou aqui pensando em tudo: apitos, cornetas, decoração e quem será escalado pra torcer comigo. Não vejo a hora porque o mais gostoso é gritar e sofrer junto.
Vam'bora Brasil!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O feriado, de novo

No final das contas estou esperando o feriado só pra fazer coisas simples da vida como ficar na cama com o marido até mais tarde (coisa rara de acontecer); para ler e assistir alguns filmes; para colocar as coisas no lugar (que, no final das contas, tem um resultado mais terapêutico do que prático já que em alguns dias tudo está fora do lugar novamente, mas dá aquela sensação de vida correndo mais livre e mais solta); para ter tempo para mim; para planejar as férias e para viver - sem pressa porque afinal serão 4 dias para curtir!
Esperando ansiosamente pelo feriado. Talvez eu faça uma organização em algumas coisas que gritam por ordem como o guarda-roupa e algumas gavetas. Talvez eu leia um livro ou o texto da pós e fique mais tempo na cama. Talvez eu alugue muitos filmes e faça sessão de filme de manhã à noite.
O fato é que não tenho hora e nem compromisso e "só" isso já me agrada.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

E-mail delícia

Eu inscrevi meu outro blog (Jornalismo Social) lá no Prêmio Top Blog 2010. Então, resolvi mandar um e-mail para os conhecidos pedindo um votinho (se você que me visita aqui também quiser ir até lá e votar, eu agradeço).
Além das respostas confirmando o voto e desejando sorte, as retuitadas também me animaram.
Mas o melhor mesmo foi o e-mail de uma amiga:

Di,
já votei e sinceramente foi uma grata surpresa, nem sabia do seu blog e fiquei muito orgulhosa, de verdade, acho que da nossa turma a única com vocação para jornalismo de verdade, tenho certeza que você tem tudo para crescer cada vez mais..... queria ser que nem você, rsrsrsrs
Beijos e saudades.

Adivinha se eu não ganhei o dia?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Vestindo o luto

Esta semana a avó de uma amiga faleceu. Foi como reviver o que aconteceu em janeiro de 2009. Ir ao velório e ao enterro foi como lembrar cada péssima sensação daquele dia e com pitadas particulares bem semelhantes.
Minha avó faleceu em BH e foi enterrada em São Gotardo (MG), então tínhamos que chegar lá a tempo do enterro. Esta semana, o irmão da amiga estava em Barreira (BA) e tinha que ir de carro até Brasília (DF), que está distante aproximadamente 600 km pelo que disseram e só então pegar um voo pra São Paulo (SP).
O pânico de não chegar a tempo estava presente tanto pra ele, que estava desesperado e como eu já estive, quanto para a família que esperava. Nos dois casos o velório se estendeu pra que desse certo e tudo fosse feito a tempo das despedidas finais.
E foi uma semana dura por reviver todo aquele sentimento como por sofrer junto. Eu chamava avó dela de vó; me sinto e sou considerada parte da família. Reviver tudo aquilo não foi fácil, mas vai passar. O importante foi estar presente embora muita gente sequer entenda esse sentimento que nos une como amigas, mesmo estando ausente nos últimos anos.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Caça-orientando

Tenho um professor na pós que é bem legal. Sua aula Jornalismo como instrumento educativo para crianças e adolescentes foi ótima, apesar de ter deixado de lado um pouquinho da questão jornalista em si - sem a análise dos formatos usados hoje e uma reflexão real sobre o que é feito e poderia ser e não é, mas enfim, a aula foi bacana, provocou várias coisas em mim e, por isso, valeu.
Ele é muito articulado, então deu todas as aulas sem nenhuma cola, citando vários autores e tal - o que fascina qualquer um! Mas acabei descobrindo que ele é, na verdade, um caça-orientando.
Logo nas primeiras aulas ele quis saber se alguém já estava na época da monografia, se sabia o que ia fazer e se tinha orientador. Até aí, tudo bem. Depois, no decorrer das semanas, este mesmo assunto voltava. Ele dava conselhos, opinava, sugeria.
E eu comecei a desconfiar até que ele disse que não queria um trabalho final sobre a matéria dele e sim um ante-projeto da monografia. Neste dia eu tive certeza que ele só queria mesmo arranjar mais uns orientandos para ele, que é pesquisador e por ter bolsa precisa manter um certo número de orientandos, bancas, teses, artigos, etc.
E ainda teve pior. Um dia ele questionou se alguém na sala tinha interesse em fazer strictu senso. Quando eu disse que sim, que queria fazer mestrado ele me perguntou imediatamente em quê. Respondi Direitos Humanos ele me perguntou: aqui na PUC tem? Minha vontade era de gritar socorro! Ri por dentro e respondi honestamente, não sei, nunca procurei porque minha intenção é fazer na USP - no Largo São Francisco.
Mesmo assim ele não desiste - manda email com matérias sobre o tema do meu projeto e sempre se mostra interessado. O pior é que eu não sei se ele gostou mesmo do tema ou se simplesmente quer mais um orientando!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sobre amigos e sonhos

Ontem foi dia dos amigos aparecerem. O amigo mandou sinal de vida via SMS e a tal amiga sumida ligou ontem e até me assustou.
Enquanto atendia o telefone dizendo que ia chover canivete me passou pela cabeça que algo de ruim poderia ter acontecido para ela ligar e, antes mesmo de terminar de dizer, já estava arrependida de ter atendido o telefone daquela maneira.
No final das contas, ainda bem, ela tinha ligado porque estava pensando muito em mim esta semana. Batemos papo como antes e foi uma delícia.
Agora, estou na dívida de aparecer um final de semana destes para ver a amiga e de marcar outro almoço bacana com o amigo. Por que amigos, mesmo distantes, fazem toda a diferença na nossa vida!

Depois da emoção dos contatos com os amigos, a noite foi estranha e maluca. Cheia de sonhos nonsense. Sonhei com quem já balançou meu coração e até que brigava com o marido por causa de uma amiga. Odeio sonhar coisas ruins com o marido; e sempre que isso acontece eu rolo pro lado da cama em que ele está só pra ficar abraçadinha e a sensação ruim passar.
Acordada, agora, fico só tentando entender os significados e as mensagens destes sonhos tão sem pé nem cabeça.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

#Fail

  • Deixei de pagar a pós quarta-feira, por pura preguiça, e agora não consigo pagar o boleto, que vence hoje. O caixa eletrônico do prédio está quebrado e no telefone do banco não consigo falar.
  • Sai do twitter para entrar na conta do trabalho e agora não consigo mais logar em nenhuma delas.
  • Falta apenas um BOX para terminar uma matéria, mas não consigo me lembrar qual é o banco de dados que tenho que consultar para achar as informações.
  • A irmã combinou uma coisa e sumiu o dia todo. Já não sei mais o que valerá pro final da tarde.
E hoje é só segunda. Boa semana!
Descansada

Me recusei a voltar pro aniversário da sobrinha, embora importante. Não deu sol, nem piscina, nem calor. Passei frio, li, descansei, dormi. Não recebi ninguém. Joguei baralho, dormi tarde, vi as novelas e fiquei de papo pro ar. Descanso merecido e aproveitado.
Foi tão bom que no domingo já estava querendo trabalhar. Cá estou, trabalhando, com energia nova.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Mini-férias?

Há um ano, exato, terminavam minhas férias. Fiquei com o sobrinho para o nascimento da sobrinha e passei o último dia entre casa, afazeres, idas e vindas. Mas acabou e então retomei o trabalho.
Passado um ano do final das férias ainda tenho que aguentar mais uns meses até tirar a próxima - tudo culpa da minha inconstância e de duas mudanças de emprego no ano passado -, então estou cansada e contando as horas para as próximas férias.
Há algumas semanas fiz algumas horas extras e resolvi compensá-las na próxima quinta-feira. Assim faço do feriado uma mini-férias e parto pro interior para recuperar as energias e voltar cheia de gás para suportar minhas férias de verdade, que só vão ser em agosto.

terça-feira, 30 de março de 2010

Estudante

Este semestre, as aulas da pós estão muito boas. Mas não são com jornalistas, o que acarreta em falta de contato com o mundo jornalístico. Então, sem querer eu acabei assumindo este papel.
Em uma aula mencionei uma matéria, que levei na semana seguinte e já enganchei outro assunto, que fiquei de levar o material na outra aula.
Ou seja, acabei virando assistente do professor e levando para a aula um pouco mais deste contato com o jornalismo.

sábado, 20 de março de 2010

Das imagens marcantes pra vida


 


Última caminhada de 3 mil mulheres na 3ª Marcha Mundial das Mulheres - 18/03/2010
Fotos minhas.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cansada

A semana no trabalho está corrida. Os dias (há algum tempo) tem sido ocupados por tarefas do lar, trabalho, estudos e marido. Cansada. Querendo e precisando de um tempo meu e para mim.
Pra tomar cerveja com as amigas, pra ir ao cinema, pra ficar lendo, pra ficar sozinha. Em semana de trabalho tumultuada, ainda, a coisa está pior.
Já que as férias estão longe, que o feriado venha logo porque eu estou precisando.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Eu só quero, só penso em viajar

A esta hora deste dia no ano passado eu devia estar chegando no Hotel em Fortaleza de algum passeio paradisíaco. Em férias, lua de mel, relax total. As primeiras férias verdadeiras da minha vida. É, férias. Não entre-safra de trabalho. Não recesso de final de ano. Não feriado. Férias.

Passado um ano mais do que claro que estou novamente precisando de férias. Muito embora, na verdade, o recesso de final do ano (que foi o maior da minha vida) tenha ajudado bastante.

A ideia, este ano, é dividir as férias em duas. 30 dias é muita coisa e como o marido não pode acompanhar a estadia completa achei que dividir as férias seria o mais prudente: 15 dias primeiro com viagenzinha internacional e 15 dias depois quem sabe pro sul ou quem sabe pro nordeste (ainda não sei).

A ideia é ir a Buenos Aires tão logo eu possa tirar minhas férias em final de julho. Na verdade, devo tirar em meados de agosto mesmo em plena alta temporada hermana. E embora ainda falte alguns meses e eu nem tenha certeza de nada na vida (se vou, não vou, quando vou, etc) ultimamente meu passatempo é planejar.

Pesquiso hotéis, passeios, restaurantes, onde ir, o que comprar, onde não ir, o que não fazer. Até comprei um livrinho para escrever tudo e, mais perto da viagem, definir um roteiro. Esta semana até escrevi para a amiga que mora lá pedindo dicas. Sim, todas as dicas são bem vindas. E se o melhor da viagem não é planejar ela, que pelo menos seja aproveitá-la.

sábado, 6 de março de 2010

Carta ao marido

Quando a gente casou eu achei que seria impossível te amar mais. Só que hoje, passado um ano de casado, eu vejo que eu me enganei. Posso afirmar, com certeza, que a cada dia que passa mais eu te amo.
Você faz com que eu me apaixne por você quando você traz seu filho e me mostra seu lado paternal; faz com que eu me apaixone quando me paparica e cuida de mim; me deixa feliz quando me ajuda nas tarefas de casa; me faz te amar ainda mais quando me apoio e divide comigo seus planos e sonhos. E quando me ama, então, não tenho nem o que dizer.
Afirmo, sem dúvida, que este ano eu te conheci mais do que nos 7 anos em que namoramos. Também posso dizer que a felicidade é completa ao seu lado e que nada na vida compara-se com a gente junto.
Te amo infinitamente.
Parabéns pelo nosso primeiro ano (de muitos) de casado e obrigada por tudo. Espero que os próximos anos sejam tão especiais e felizes quanto o primeiro.
Te amo,
sua esposa Didi

terça-feira, 2 de março de 2010

O adesivo

Lar doce lar

E já vai fazer um ano que eu casei. Passou voando. O lar doce lar ainda não está como queremos, mas está quase. Amor não falta e do que falta estamos dando, aos poucos, o nosso jeito:
o adesivo do quarto eu cotei, elaborei, encomendei e grudei;
o suporte das vassouras o marido pendurou na área de serviços outro dia;
as cortinas foram compradas, mas ainda repousam dentro da sacola e os varões aguardam na sala sua hora de instalação - que deve acontecer em algum final de semana desses, mas não no próximo que será feito apenas de nós dois e comemoração;
o mesmo acontece com as rodinhas do criado mudo, que estão na gaveta.
Não importa, está tudo lá e enquanto a gente ama e comemora, eles podem esperar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Eu, a madrasta

Desde que casei assumi integralmente o papel de madrasta aos finais de semana. No início, as visitas eram raras e foram se tornando cada vez mais frequente a ponto de serem praticamente semanais desde janeiro - por enquanto só escaparam os feriados.
Eu me desdobro e faço de tudo: encaro piscina, brinco de pintar, de aviãozinho, faço almoços especiais, perco a televisão, ensino sudoku e dá-lhe bate-papos sobre animais, desenhos e filmes de terror. Dou explicações, educo, ensino a usar garfo e faca, encorajo a nadar e proponho passeios.
Mas tem dias que cansa. Cansa ser mãe de uma criança que não é minha, cansa tentar de tudo e não receber nem um beijo de despedida, cansa não poder ter liberdade dentro de casa, cansa ter que ficar à disposição quando se está sem paciência, simplesmente cansa. E então quando isso acontece parece que eu nunca fiz nada. Simplesmente esquece-se de todos os outros finais de semana.
E eu que sempre brinquei que eu sou a boadrasta fico realmente me sentindo a mádrasta.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eu, a injusta

Tenho uma irmã que não é das melhores. Explico: ela sente inveja das coisas e acaba fazendo sua unha quebrar, sua roupa estragar, coisas assim. Ela é do tipo egoísta e que, por isso (entre outras características), não quer ter filhos. E, pra mim, quem não gosta de criança boa pessoa não é.
Umas semanas atrás ela foi na minha casa em um sábado de manhã. Bateu o olho no meu girassol florido e lindo e dois dias depois ele morreu. Eu tinha medo que ela visse o tal porque ele estava carregado com 7 brotos abrindo, além da flor maior e principal. Eu a culpei. Xinguei, fiquei P, indignada.
Ele até pareceu que ia vingar já que um outro brotinho começou a crescer. Mas que nada - morreu de vez!
Esta semana, pesquisando em como tentar ressucitá-lo descobri que a morte do girassol é normal e mais: inevitável. Descobri que a flor tem que estar só e não pode ter brotos como tinha o meu pois isso vai enfraquecer a flor maior e assim que ela morre todas as outras morrem também! Descobri que ele floresce mesmo apenas uma vez depois morre e solta as sementes, que podem ser plantadas em qualquer época do ano e são elas, as sementes, que florirão novamente.
Pois é, depois que eu li isso fiquei até me sentindo injusta. Até fiz mea-culpa pro marido sobre os comentários antes dito.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

QG de Hospital

Foi em um QG de Hospital que minha casa se transformou no sábado - tumultuando o sábado e atrapalhando todo o curso do final de semana.
Acordei, li e voltei a deitar. Preguiça em um sábado de manhã nublada é muito bem vindo. Até que o telefone tocou. Avó internada no hospital desde a madrugada com dor de cabeça.
Ela, que tem 79 anos, nunca foi parar no hospital. Por nada. A diabetes e a pressão alta são controladas, então ela nunca sentiu dor. A dor assustou e me deu medo. Em 15 minutos estava de banho tomado, saindo de casa rumo ao hospital da quadra de cima. Pela proximidade e pela necessidade foi lá que todo mundo se revezou pra almoçar e descansar entre um exame e outro, já que a maratona hospitalar acontecia desde às 0h de sábado.
Família toda reunida em volta dela que nem medicada melhorava. Exames, exames e exames pra descobrir a dor, que só foi passar lá pelas 19h quando o oftalmologista do hospital diagnosticou pressão alta no olho direito, que está com catarata, e tratou de forma adequada. Ela foi liberada, mas ainda assim a noite de domingo foi agitada e eu mal dormi.
O melhor do final de semana foi vê-la bem de novo no domingo de manhã. Satisfação sem medida.

Antibiografia

Maria Rita Kehl

Não, Antonio Prata, não é questão de arrependimento pelo que não fiz. As experiências perdidas constituem uma rede de lembranças legítimas. Pode até ser que o vivido mesmo, pão pão, queijo queijo, ocupe uma parte bem reduzida de nossas memórias. Penso que existe um acervo de saudades lotado de imagens do que se viveu só através de relatos alheios, da literatura e da imaginação. É possível ter saudades, por exemplo, da infância da sua avó, se ela te contou episódios com graça, imaginação e alguma nostalgia. Algumas cenas contadas por ela passam a te pertencer também.

As saudades do que eu queria ter feito e não fiz se constroem de trás pra frente. É depois, só depois, que você se dá conta de que prestou atenção ao que acontecia à sua direita e não percebeu algo muito mais interessante que se passava à esquerda. Ou vice-versa. Claro, existem também as escolhas. Nesse caso, penso que se eu quisesse mesmo, mesmo, fazer x em vez de y, teria feito. Essa coleção de vacilos escreve uma história. No horizonte virtual das possibilidades que foram deixadas pra trás deve haver um duplo meu, vivendo a vida que foi dos outros.

Não morei fora do Brasil, como tantos companheiros de geração. Nem com bolsa de estudos, nem lavando pratos on the road. Ficou na memória o aceno de Paris no postal mandado pela amiga que saiu da nossa moradia comunitária para estudar lá. Por alguma razão sentimental, achava interessantíssima a vida que tinha aqui, apesar do sufoco militar. Também não estive presa. Não lamento, é óbvio, mas tiro o chapéu para os que levaram a luta a tal extremo. Minha modesta militância contra a ditadura não foi considerada perigosa. Mas para mim, foi formadora: um terço, digamos, do que aprendi de importante nesta vida devo ao convívio com os colegas jornalistas e editores dos tabloides em que trabalhei.

Não fui mochileira exemplar, apesar de ter feito a peregrinação obrigatória pelas praias (em média, decepcionantes) do Nordeste. Mas não me encorajei a conhecer Machu Picchu, por exemplo, no tempo em que era obrigatória a viagem no teto do trem da morte lotado, com direito a dor de barriga por beber água de torneira.

Tinha uma vaga noção da importância do que acontecia muito perto de mim. O acaso decidiu o que vi e o que não vi, o que aproveitei e o que perdi. Não vi o show Opinião, de meu amigo 30 anos mais tarde Augusto Boal. Será que não? Então por que não me esqueço de Carcará, cantado por Maria Bethânia, desafiadora, com seu corpo de menino? Nem de Zé Keti - "podem me prender, podem me bater..."? E se também perdi Arena Conta Zumbi, como posso contar, digo, cantar, até hoje, o espetáculo quase todo? Quase me esqueço de que passei várias férias no Rio sem saber que existia o Zicartola. Esse não existe mais nem pra remédio. Mas sei tudo de Cartola, de cor. Perdi Pobre Menina Rica do Vinícius de Morais, e ouvi o disco até gastar. De Morte e Vida Severina, unanimidade nos anos 60, decorei todos os trechos do poema musicados pelo Chico Buarque.

Não recebi o impacto dos primeiros filmes de Glauber Rocha, nem do Godard dos anos 60. Mas não me entrego não - em matéria de filmes e livros, tudo se recupera. Viva os livros e filmes que não li nem vi. Por conta deles estou salva do tédio, até morrer.

A lista das coisas perdidas não tem fim. Só as canções eu não deixei passar. As canções me salvaram de ficar fora do mundo. Estavam todas no ar, trazidas pelo vento diretamente para minha memória musical. Respirei as canções, sonhei canções, entendi o Brasil desde o primeiro samba, porque existem as canções. Vivi sempre a condição dessa cidadania dupla, uma vida no chão, outra no plano das canções que recobrem o mundo ou, pelo menos, o país em que nasci. As canções ampliaram o meu tempo, transcenderam o presente e, numa gambiarra genial, juntaram um monte de pontas soltas desde antes de eu nascer até.

As canções: já que não virei cantora - opa: eis aí um arrependimento sincero! -, espero quem sabe um dia escrever alguma coisa à altura delas.
 
Amei a crônica de estreia de Maria Rita Kehl no Estadão este sábado e acrescento que a troca de Adriana Falcão por ela foi incrível. Adoro os livros da Falcão, mas as crônicas deixavam a desejar - e muito!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ando com pouca coisa para fazer no trabalho. Uma demanda aqui e outra ali - tudo esporádico, sem pressa e com bastante prazo pra entregar - o que tem me deixado livre a maior parte do tempo.
Por isso, tenho aproveitado para fazer nada: fico navegando e leio blogs, caçando informações sobre Buenos Aires e roteirizando minha viagem de férias (que ainda demora para chegar), fico planejando coisas para fazer no final de semana, checando a programação cultural de SP, caçando receitinhas gostosas que agradem ao marido, pensando em quê ainda preciso arrumar em casa e caçando coisas para deixar a casinha do meu jeito, enfim.
Há algumas semanas decidi dar fim a um dos meus planos e resolvi, de uma vez por todas, comprar o raio do adesivo da parede do meu quarto. Comecei cotando, depois fazendo o desenho e semana passada finalmente fechei tudo. Escolhi entre os modelos que queria, mandei pro lugar mais barato e paguei. Agora, fico aqui na ansiedade pra receber. Parece que chega hoje!!!