sábado, 31 de janeiro de 2009

A cantada do primo

Se eu não escrevesse para uma pessoa tão intrigante como você, morreria de arrependimento.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mais do mesmo ou Ainda sobre a morte da avó

* houve, para mim, 3 momentos de consternação no enterro
* eu conheci um primo que não sabia que existia
* ela se foi com meu convite de casamento no caixão
* teve o bafafá do terço, que me deixou decepcionada com minha madrinha
* meu pai não viu a mãe morta
* eu nunca tinha sentido tanto a morte de alguém

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Unidos na dor

A última vez que a família Cardoso Franco se uniu na dor faz uns 28 anos. Meu avô tinha falecido e a minha geração (a dos netos) ainda se formava. Só uns 8 primos já eram vivos, mas mesmo assim eram todos pequenos e não entendiam nada.
Desta vez, a família conta com 29 netos e 5 bisnetos* (e mais um a caminho), que não entendem nada. De qualquer forma, foi a vez dos netos unirem-se nessa dor. Aos poucos, fizemos da dor lembrança e das memórias (e dos registros delas) muitas risadas. Assim, a dor foi ficando pequenininha e as risadas, grandonas. E, por fim, todo mundo ficou lá rodeado de amor, de carinho, de abraço, de confissões, de lágrimas e de colos. E a família se descobriu ineditamente unida na dor, mas cheia de amor.


*além dos 10 filhos que já tinham sofridos junto.
O primeiro filme do ano

Sábado passado assisti ao meu primeiro filme do ano: A Troca. O filme é tenso do começo ao fim. A Angelina Jolie está macérrima. Eu achei que o filme fosse bom, mas ele é mesmo ótimo. A história é real o que nos dá sempre mais tesão de assistir. Eu entrei meio contrariada na sala porque queria mesmo ter assistido ao filme do Brad Pitt, que estava esgotado, mas saí de lá mais do que satisfeita. Recomendo super.
Um obrigado e uma breve explicação

Quando eu escrevi meu último post minha avó ainda estava viva. Mal, é verdade, mas viva. Adiantamos a passagem de meu pai antes da fatalidade e então ela aconteceu. Na madrugada de domingo a Vó Santa se foi. Com calma, em paz, serena e nos braços de Nossa Senhora, como ela mesma disse. Eu chorei muito, não dormi duas noites e deixei no caixão dela o convite do casamento, que acontece em breve. Esse é sim o meu maior pesar porque ela queria muito estar lá. Eu sei que ela estará, mas eu não a verei me vendo e isso me pesa.
Hoje, menos triste, estou de volta a SP e encontrei muitos recadinhos amigos e queridos. E agradeço a todos eles e até os que aconteceram apenas em pensamento. Me sinto abraçada por vocês e, de alguma forma, amparada. Agradeço. E depois desabafo mais porque ainda há o que contar.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

...

Eu podia pensar que ela já viveu bastante e me conformar. Eu podia entender que ela já não é mais nenhuma criança e está chegando sua hora. Que ela viu cinco netas se casar e conheceu cinco bisnetos. Paparicou todos eles o quanto pode. Criou uma neta além dos 11 filhos, sendo que um deles ela perdeu em um acidente de carro. Perdeu há mais de 20 anos o marido. Viu a irmã falecer da mesma doença que a quer levar agora, mas que ela não sabe que tem. Ela me avisou que não me veria casar e me pediu uma chance a mais de estar ao lado dela. Eu cumpri o prometido. E em dezembro ela estava bem, feliz, com os irmãos, os bisnetos, os filhos e os netos à sua volta. Todos comemorando. Todos felizes. Em um mês, a doença avançou e ela está cada dia pior. Os filhos já se reúnem à sua volta e enquanto ela piora, eu fico esperando a notícia fatal. E choro. E lamento não ter convivdo mais com ela, não ter levado meu vestido de noiva para ela ver, não ter falado mais dos detalhes do casamento e de não ter coragem de ir lá, me despedir.
A posse de Obama na África

Já falei aqui do blog do meu amigo que está em Moçambique. O penúltimo post tem fotos interessantes da cidade de Maputo assistindo à posse de Obama, além de um relato legal, claro. Vale a pena conferir.
Estranha é como me sinto hoje. Não sei se foi o sonho - de um assalto longo e esquisitão - ou se sou eu mesmo que acordei assim hoje. Só sei que estou me sentindo nublada. Nada de específico ou atípico aconteceu, mas eu estou assim: como se uma cãibra estivesse instalada no meu peito e deixando a sensação de desconforto e erro, mesmo sem que nada esteja realmente assim. Talvez só precise mesmo de uma boa alongada que tudo vai se resolver. Talvez eu só precise mesmo do sábado que está por vir e que eu achei que era hoje.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O discursso do Obama

O discursso durou pouco menos de 20 minutos e aqui estão as partes que ressaltei.
Se quiser ler na íntegra, acesse aqui.

"Quarenta e quatro americanos já fizeram o juramento presidencial. As palavras foram pronunciadas durante marés ascendentes de prosperidade e nas águas plácidas da paz. Mas de vez em quando o juramento é feito entre nuvens carregadas e tempestades violentas. Nesses momentos, a América seguiu em frente não apenas por causa da visão ou da habilidade dos que ocupavam os altos cargos, mas porque nós, o povo, permanecemos fiéis aos ideais de nossos antepassados e leais aos nossos documentos fundamentais."

"Nossa nação está em guerra, contra uma ampla rede de violência e ódio. Nossa economia está gravemente enfraquecida, uma consequência da cobiça e da irresponsabilidade de alguns, mas também de nosso fracasso coletivo em fazer escolhas difíceis e preparar o país para uma nova era. Lares foram perdidos; empregos, cortados; empresas, fechadas. Nosso sistema de saúde é caro demais; nossas escolas falham para muitos; e cada dia traz novas evidências de que os modos como usamos a energia reforçam nossos adversários e ameaçam nosso planeta."

"Hoje eu lhes digo que os desafios que enfrentamos são reais. São sérios e são muitos. Eles não serão resolvidos facilmente ou em um curto período de tempo. Mas saiba disto, América -- eles serão resolvidos."

"Neste dia, viemos proclamar o fim dos sentimentos mesquinhos e das falsas promessas, das recriminações e dos dogmas desgastados que por tanto tempo estrangularam nossa política."

"Nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos podem ser novos. Mas os valores de que depende nosso sucesso -- trabalho duro e honestidade, coragem e justiça, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo -- essas são coisas antigas. São coisas verdadeiras. "
Eu perguntei durante a posse do Obama: Será que ele não tem medo?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Domingo amigo

Domingo, dia internacional da preguiça. De comer macarrão, ficar na cama até mais tarde e repetir a dose de tarde. Mas ontem não. Ontem o domingo foi amigo.
O (segundo) almoço foi bacalhau com as melhores companhias, risadas, crianças e amiga. Domingo todo acompanhada dividindo. Dividimos o dia todo e saí de lá multiplicada. Dividimos dúvidas (e buscamos tutoriais para solucioná-las), opiniões, idéias, sugestões, vontades, livros, fotos, músicas e arquivos.
A amizade é a única matemática que permite que ao dividirmos sejamos multiplicadas.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sobre os livros de 2009

Ando com vontade louca de ler. Qualquer coisa que cair à mão está valendo. Este ano, já foram 4 livros e já estou pensando no próximo. Mas ando chata e crítica.
Esse ano, já foi:

Carmen - Uma biografia, Ruy Castro: achei longo demais. Tinha informação demais. Muita coisa, na minha opinião, poderia ter sido cortada. Para contar o restante da história, muitas vezes Ruy Castro se prendia demais em uma explicação acerca de alguém (ou um fato) e iam parágrafos e mais parágrafos sobre um fato que, de repente, você achava que tinha saído completamente da história. Depois ele ligava tuuudo aquilo à história que contava da vida de Carmem. Enfim, eu teria sido mais sucinta, mesmo porque o livro é um calhamaço. Acho que não ia perder nada em ser mais direto. Mais o mais legal são as muitas informações e curiosidades acerca de muitas coisas (e de tudo um pouco, pra ser exata e sincera) e que a gente aprende e fica sabendo.

Melancia, Marian Keyes: gostei. Não é uma uber literatura, mas é gostoso de passar o tempo. Do meio para o fim a história fica tão legal que a gente não quer largar por nada. Só um detalhe de erro na história. Não sei se a autora cortou a história e juntou duas partes que ficaram diametralmente contrárias e não reparou ou se foi erro mesmo na hora de escrever, só sei que em um capítulo X a irmã da personagem principal viaja para passar o final de semana fora e no próximo capítulo que é ainda sobre o final de semana lá está a irmã da personagem. Mas tudo bem. Não é o primeiro livro que vejo com um erro desse. Nem compromete tanto e provavelmente nem todo mundo perceba.

Romântico, sedutor e anarquista: Como e por que ler Jorge Amado hoje, Ana Maria Machado: didático. Bem rápido, fácil e gostoso de ler. Eu que nunca li Jorge Amado e como venho acalentando essa vontade há um tempo adorei esse presente de aniversário que me fez incentiva ainda mais. Senti falta apenas que Ana Maria Machado comentasse qual é (e se não apontasse mesmo, que ao menos indicasse) a característica da literatura dele que o faz ser tão facilmente adaptável à teledramaturgia. Ela toca no aspecto mais espinhado da literatura dele, que é a crítica sempre tão preconceituosa e taxativa, mas deixa de lado o amor e sucesso que seus personagens fizeram e fazem através seja de seus livros ou das adaptações tão famosas para a televisão. Pra mim, só faltou isso. Fiquei, claro, com mais vontade de ler. Mas tenho certeza que vou fazer isso com esse "livro-guia" ao lado.

Jorge Amado um baiano romântico e sensual: com depoimentos da mulher e dos filhos, Jorge Amado é desvendado como homem, amante, escritor, autor, pessoa, pai e amigo. Uma delícia de ler, ainda mais emendado com o livro anterior. Ambos, na verdade, foram ganhos juntos como presente de aniversário. Cada um de uma amiga e, claro, combinado. O "conjunto Jorge Amado" é uma delícia. E esse livro é uma gostosura. Por trazer ainda uma memória muito próxima e viva de Jorge Amado (o livro foi escrito pouco depois de sua morte) com depoimentos que trazem da história de amor entre Zélia e ele e do convívio com os filhos, as aventuras de Jorge ficam com gosto de lembrança familiar a quem lê. Parece conversa de tarde na casa dos avós que eles contam história das gerações anteriores que nem conhecemos, mas de ouvir e saber já nos sentimos parte.

Agora, quero ler Rubem Fonseca. Só ainda não decidi os títulos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Acordo ortográfico

Com dúvidas? Aqui tem uma cola supimpa.
Voluntária

Sempre quis fazer voluntariado, mas sempre adiava.
Até que o ano passado surgiu a oportunidade e eu topei. Era na minha área de atuação, com a vantagem de ser uma coisa legal de se fazer: perfis dos atletas da ADD (Associação Desportiva para Deficientes). Infelizmente só consegui fazer 1. O projeto "Somos todos ADD" acabou não indo para frente e a responsável pela idéia e pelo departamento de marketing saiu.
Agora retomarei as atividades na mesma área, mas ajudando em vários textos institucionais para a ONG. E agora me sinto verdadeiramente satisfeita.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Por um fio

Quando eu soube da doença, o casamento já estava marcado. Eu fiquei com medo e sofri. Tanto que não conseguia (é, simplesmente não conseguia mais) tocar adiante com a organização. Paralisei por uns 3 meses ou mais. Fui vê-la em setembro e nos despedimos aos prantos. Eu chorei meia viagem e, depois, soube que ela chorara o dia inteiro. Ela repetiu em alguns dias muitas vezes que o prazo dela estava acabando. Prometi voltar. Cumpri. Comemoramos seus 85 anos e ela estava feliz. O prazo era dezembro e ela, incrivelmente, superara. Mas eu nunca sabia se isso era mesmo bom. Hoje a notícia é de que ela definha a cada dia, que piora visivelmente. Não sabemos se chega até março, mas é provavel que mesmo que chegue até a data não possa viajar e simplesmente estar presente. Então, Papai do Céu, só peço que ela não sofra. E que, por favor, não faça acontecer tão perto da data porque eu queria que o dia fosse feliz.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Sobre o trabalho

Versão 5 do mesmo relatório em um domingo à noite me soa desesperador. Na verdade, versão 5 de qualquer relatório me soaria desesperador em qualquer hora do dia.

sábado, 10 de janeiro de 2009

De tudo um pouco

* Assisti a um filminho bem gostoso na quinta-feira. Pegar e Largar. Estava zapeando quando cheguei ao canal de filmes. O filme estava bem no começo (tipo uns 3 minutos de iniciado) e eu resolvi parar para ver. E não é que é uma delícia? Achei que ia ser bobo. Claro que, como toda comédia romântica, é bem cheio dos clichês, mas va lá. Vale a pena. Com atores não consagrados, o filme é uma boa pedida.

* Ontem saía do salão de beleza quando o celular tocou. Atendi e era de casa. Minha mãe perguntava onde estava quando anunciei que estava saindo e indo para casa. Curiosa, perguntei o motivo da ligação e ela apenas me respondeu laconicamente que depois a gente conversaria. Pronto. Comecei a tremer e a ficar ansiosa. Em pouco tempo - até chegar em casa - só pensei em desgraças e no que será que tinha acontecido. Embora minha mãe não seja de manter segredos, me lembrei da única vez que algo grave acontecera na hora do almoço e eu só fiquei sabendo às 23H na saída da faculdade, quando ela foi me buscar. Milhões de coisas ruins se passaram na minha cabeça em poucos minutos. Conclui, então, que minha capacidade de pensar atrocidades é diretamente potencializada pela quantidade de segundos que demoram para eu chegar ao destino que me proporcionará saber o fato. No final, era uma bobagem de pagamento do eletricista. Eu fiquei - primeiro - com vontade de matar a minha mãe e, logo na sequência, impressionada em quantas má coisas eu pude pensar em apenas alguns minutos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Depressão pós-sonho

Essa noite eu sonhei que estava em Londres. E passeava. E tirava muitas fotos. Depois, eu estava na Itália em alguma cidade que provavelmente nem existe como no meu sonho, mas era lindo. Chovia, mas eu nem me incomodava com a chuva de lá. Passeava e via lugares lindo. Quando acordei, em casa, entrei em depressão. Depressão pós-sonho.

sábado, 3 de janeiro de 2009

2008: um ano cultural

Acho que 2008 foi de longe meu ano mais cultural.
Foram: 9 exposições, 5 peças de teatro, 3 shows, 2 circos, 4 passeios e mais de 9 idas ao cinema (9 foram as contabilizadas com ingressos, mas sei de outros, mas não sei precisar quantas e nem os filmes). Além disso, foram 35 livros lidos e 3 cursos realizados.
Entre as exposições, destaco: Segall Realista (na Fiesp); A Arte do Mito (no Masp); A natureza das coisas (no Masp) e Bossa na Oca (no Ibirapuera).
Entre as peças: Simpatia, A Serpente e Dois irmãos.
Dos shows, gostei de todos, sendo que 2 foram da mesma cantora: Roberta Sá e o outro foi com a CéU no Municipal e também foi ótimo, mesmo porque foram as cantoras que eu mais ouvi durante todo o ano.
No circo fui assistir 2 vezes à mesma companhia circense e amei: Circo Vox. Altamente recomendável para adultos e crianças.
Entre os passeios, a viagem à Jaú, a visita monitorada à sala São Paulo e o passeio de barco em Floripa foram ótimos.
Já os filmes, gostei muito do Um Beijo Roubado, Wall-e e Ensaio sobre a cegueira.
Eu queria ter lido mais livros de autores renomados, mas foi um início. Li Cervantes, Kerouack, Flaubert, Cortázar, Érico Veríssimo, Mário Quintana e Jorge Luis Borges. Descobri os novos Mia Couto, Amós Oz e Marjane Satrapi. Destaco como genial: A Caixa Preta, Amós Oz; Trapo, Cristovão Tezza; Persépolis 1, 2, 3 e 4, Marjane Satrapi; O menino do pijama listrado, John Boyne; Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, Mia Couto; Venenos de Deus, remédios do Diabo, Mia Couto e Lis no peito: um livro que pede perdão, Jorge Miguel Marinho.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Receita de ano novo
Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.