Mostrando postagens com marcador jornalistas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jornalistas. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Bate-papo matinal: O jornalismo e os jornalistas

Logo de manhã veio a menina que trabalha comigo na minha sala.
- Acho que você é a única jornalista normal que eu conheço!
Caí na gargalhada e respondi.
- É porque você ainda não me conhece direito. Espera mais uns 3 meses.
Enquanto olhava, divertida, em direção à porta emendou.
- É sério. Todo jornalista que eu conheço é meio maluco, não é normal, é cheio das doenças e problemas.
Eu, incrédula, emendei.
- É o trabalho que faz isso com a gente. Daqui uns anos você vai ver minha situação.
Ela, rindo, não acreditou e acrescentou:
- É sério, a vizinha aí vive reclamando. Ainda agora tava falando de dor, que teve que fazer massagem, e tal. Você não é assim.
Eu, entendendo, conclui.
- É, realmente a vizinha não é muito boa da cabeça não. Ela é bem esquisita.
Satisfeita, ela terminou.
- Ainda bem que não sou só eu que acho ela pinel.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A magia do jornalismo
Carlos Alberto Di Franco

Gay Talese, um dos fundadores do New Journalism (novo jornalismo), uma maneira de descrever a realidade com o cuidado e o talento de quem escreve um romance, foi a grande estrela da Festa Literária Internacional de Paraty. Sua crítica da mídia pode parecer radical e ultrapassada. Mas não é. Na verdade, Talese é um enamorado do jornalismo de qualidade. E a boa informação, independentemente da plataforma, reclama talento, rigor e paixão.


Segundo Talese, a crise do jornalismo está intimamente relacionada com o declínio da reportagem clássica. "Acho que o jornalismo e não o Times, está sendo ameaçado pela internet", disse Talese à revista Época. "E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop em sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York... Todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que estimule a pensar ou a imaginar. Às vezes, em nossa profissão, você não precisa fazer perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida como ela realmente é vivida."


A crítica de Talese, algo precipitada e injusta com o jornalismo digital, é um diagnóstico certeiro da crise do jornalismo impresso. Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. No entanto, como explicar o estrondoso sucesso editorial do épico O Senhor dos Anéis e das aventuras de Harry Potter? Os jovens não consomem jornais, mas não se privam da leitura de obras alentadas. O recado é muito claro: a juventude não se entusiasma com o produto que estamos oferecendo. O problema, portanto, está em nós, na nossa incapacidade de dialogar com o jovem real. Mas não é só a juventude que foge dos jornais. A chamada elite, classes A e B, também tem aumentado a fileira dos desencantados. Será inviável conquistar toda essa gente para o mágico mundo da cultura impressa? Creio que não. O que falta, estou certo, é realismo e qualidade.


Os jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade para dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade. Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços - estratégias úteis e necessárias -, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões.


A receita de Talese demanda forte qualificação profissional. "A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas." Eis um magnífico roteiro e um formidável desafio para a conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância.


O nosso problema, ao menos no Brasil, não é de falta de mercado, mas de incapacidade de conquistar uma multidão de novos leitores. Ninguém resiste à matéria inteligente e criativa. Em minhas experiências de consultoria, aqui e lá fora, tenho visto uma florada de novos leitores em terreno aparentemente árido e pedregoso. O problema não está na concorrência dos outros meios, embora ela exista e não possa ser subestimada, mas na nossa incapacidade de surpreender e emocionar o leitor. Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, consequentemente, chatos.


A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso seduzir o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.


Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente reiterada pelo jornalista Ruy Mesquita: o bom jornalismo é "sempre artesanato".


Grifo meu.
Artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 13/07/09.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

C.V.

Há uns dias fui a uma entrevista. Cheguei no horário e me dirigi a sala indicada. Enquanto esperava o entrevistador, fiquei olhando e relendo meu currículo. Pois achei ele tão sério e bom que fiquei toda orgulhosa de mim.
Preste atenção no que li:


SUMÁRIO


* Prática em redação de notas, matérias, checagem de informações, cobertura de feiras de negócios e eventos esportivos e atendimento à imprensa em sala de assessoria de imprensa de evento (EXPOPRAG 2008)
* Realização do documentário Ocas” – Atravessando a rua sobre a revista Ocas” selecionado pela Comissão de Direitos Humanos para a mostra da Prefeitura de São Paulo em dezembro de 2007
* Fotografia escolhida como uma das melhores no concurso cultural da Revista Perdizes
* Uma das 60 classificadas para o XIX Curso de Jornalismo Aplicado do jornal O Estado de S. Paulo em 2008
* Jornalista voluntária da Associação de Deficientes Desportivos (ADD)
* Inglês intermediário


É ou não é pra ficar orgulhosa de si mesma?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Relatos do Afeganistão

Já faz um tempo que leio o blog da Adriana Carranca, jornalista do Estadão que faz parte de um interessante grupo de jornalistas sociais, os ANJOS (Associação Nacional dos Jornalistas Sociais). Ela, que estava de férias, volta com relatos direto do Afeganistão. Um dele me toca profundamente e segue para vocês:
"Mostro meu visto na imigração, em Nova Déli. “Uhm, Kabul...”. Parece que ter o visto afegão significa colocar um selo de má qualidade no seu passaporte. Será que alguém pode ter uma reação normal, pelo menos uma vez? As pessoas, afinal, continuam vivendo naquele lugar. Por que eu não posso ir até lá, então? Por que eu deveria ter o privilégio de não conhecer a realidade trágica à qual outros são submetidos? Para afegãos, a realidade é ainda pior. Além de serem vítimas dessa guerra sem fim, não conseguem visto para nenhum lugar e, ainda que o tenham, sofrem verdadeiras sabatinas nos aeroportos. Um jornalista afegão no mesmo vôo que eu fica mais de meia hora parado na imigração. Mesmo na vizinha Índia, com quem mantêm boas relações, os afegãos têm de se registrar na polícia, dizer onde vão e o que vão fazer." Adriana Carranca, no blog Pelo Mundo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Uma tarde para o almoço

Eu almoçaria a tarde ontem, só para passar o resto do dia com as amigas. Foi bom. Papinho leve e diverso: fofocas, casamento, vida de casada, apartamento, investimentos, profissão, pauta, jornalismo, diploma, vida profissional, sucessos, comparações, supresas e tristes notícias. A gente se encontrou às 14H e nos despedimos às 16H só porque eu já tinha outro compromisso, mas por mim eu ficava até às 18H.
É assim. Quando a gente tem encontrinhos não dá vontade nunca de largar e quando penso que hoje trabalho aqui em casa sozinha sinto uma falta imensa quando ocupávamos a mesma redação e eu tinha almoço e papinhos todos os dias. Mas ficamos de marcar um final de semana no sítio com direito a sol, piscina, cervejas, risadas e papinhos por dois dias seguidos.