segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

QG de Hospital

Foi em um QG de Hospital que minha casa se transformou no sábado - tumultuando o sábado e atrapalhando todo o curso do final de semana.
Acordei, li e voltei a deitar. Preguiça em um sábado de manhã nublada é muito bem vindo. Até que o telefone tocou. Avó internada no hospital desde a madrugada com dor de cabeça.
Ela, que tem 79 anos, nunca foi parar no hospital. Por nada. A diabetes e a pressão alta são controladas, então ela nunca sentiu dor. A dor assustou e me deu medo. Em 15 minutos estava de banho tomado, saindo de casa rumo ao hospital da quadra de cima. Pela proximidade e pela necessidade foi lá que todo mundo se revezou pra almoçar e descansar entre um exame e outro, já que a maratona hospitalar acontecia desde às 0h de sábado.
Família toda reunida em volta dela que nem medicada melhorava. Exames, exames e exames pra descobrir a dor, que só foi passar lá pelas 19h quando o oftalmologista do hospital diagnosticou pressão alta no olho direito, que está com catarata, e tratou de forma adequada. Ela foi liberada, mas ainda assim a noite de domingo foi agitada e eu mal dormi.
O melhor do final de semana foi vê-la bem de novo no domingo de manhã. Satisfação sem medida.

Antibiografia

Maria Rita Kehl

Não, Antonio Prata, não é questão de arrependimento pelo que não fiz. As experiências perdidas constituem uma rede de lembranças legítimas. Pode até ser que o vivido mesmo, pão pão, queijo queijo, ocupe uma parte bem reduzida de nossas memórias. Penso que existe um acervo de saudades lotado de imagens do que se viveu só através de relatos alheios, da literatura e da imaginação. É possível ter saudades, por exemplo, da infância da sua avó, se ela te contou episódios com graça, imaginação e alguma nostalgia. Algumas cenas contadas por ela passam a te pertencer também.

As saudades do que eu queria ter feito e não fiz se constroem de trás pra frente. É depois, só depois, que você se dá conta de que prestou atenção ao que acontecia à sua direita e não percebeu algo muito mais interessante que se passava à esquerda. Ou vice-versa. Claro, existem também as escolhas. Nesse caso, penso que se eu quisesse mesmo, mesmo, fazer x em vez de y, teria feito. Essa coleção de vacilos escreve uma história. No horizonte virtual das possibilidades que foram deixadas pra trás deve haver um duplo meu, vivendo a vida que foi dos outros.

Não morei fora do Brasil, como tantos companheiros de geração. Nem com bolsa de estudos, nem lavando pratos on the road. Ficou na memória o aceno de Paris no postal mandado pela amiga que saiu da nossa moradia comunitária para estudar lá. Por alguma razão sentimental, achava interessantíssima a vida que tinha aqui, apesar do sufoco militar. Também não estive presa. Não lamento, é óbvio, mas tiro o chapéu para os que levaram a luta a tal extremo. Minha modesta militância contra a ditadura não foi considerada perigosa. Mas para mim, foi formadora: um terço, digamos, do que aprendi de importante nesta vida devo ao convívio com os colegas jornalistas e editores dos tabloides em que trabalhei.

Não fui mochileira exemplar, apesar de ter feito a peregrinação obrigatória pelas praias (em média, decepcionantes) do Nordeste. Mas não me encorajei a conhecer Machu Picchu, por exemplo, no tempo em que era obrigatória a viagem no teto do trem da morte lotado, com direito a dor de barriga por beber água de torneira.

Tinha uma vaga noção da importância do que acontecia muito perto de mim. O acaso decidiu o que vi e o que não vi, o que aproveitei e o que perdi. Não vi o show Opinião, de meu amigo 30 anos mais tarde Augusto Boal. Será que não? Então por que não me esqueço de Carcará, cantado por Maria Bethânia, desafiadora, com seu corpo de menino? Nem de Zé Keti - "podem me prender, podem me bater..."? E se também perdi Arena Conta Zumbi, como posso contar, digo, cantar, até hoje, o espetáculo quase todo? Quase me esqueço de que passei várias férias no Rio sem saber que existia o Zicartola. Esse não existe mais nem pra remédio. Mas sei tudo de Cartola, de cor. Perdi Pobre Menina Rica do Vinícius de Morais, e ouvi o disco até gastar. De Morte e Vida Severina, unanimidade nos anos 60, decorei todos os trechos do poema musicados pelo Chico Buarque.

Não recebi o impacto dos primeiros filmes de Glauber Rocha, nem do Godard dos anos 60. Mas não me entrego não - em matéria de filmes e livros, tudo se recupera. Viva os livros e filmes que não li nem vi. Por conta deles estou salva do tédio, até morrer.

A lista das coisas perdidas não tem fim. Só as canções eu não deixei passar. As canções me salvaram de ficar fora do mundo. Estavam todas no ar, trazidas pelo vento diretamente para minha memória musical. Respirei as canções, sonhei canções, entendi o Brasil desde o primeiro samba, porque existem as canções. Vivi sempre a condição dessa cidadania dupla, uma vida no chão, outra no plano das canções que recobrem o mundo ou, pelo menos, o país em que nasci. As canções ampliaram o meu tempo, transcenderam o presente e, numa gambiarra genial, juntaram um monte de pontas soltas desde antes de eu nascer até.

As canções: já que não virei cantora - opa: eis aí um arrependimento sincero! -, espero quem sabe um dia escrever alguma coisa à altura delas.
 
Amei a crônica de estreia de Maria Rita Kehl no Estadão este sábado e acrescento que a troca de Adriana Falcão por ela foi incrível. Adoro os livros da Falcão, mas as crônicas deixavam a desejar - e muito!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ando com pouca coisa para fazer no trabalho. Uma demanda aqui e outra ali - tudo esporádico, sem pressa e com bastante prazo pra entregar - o que tem me deixado livre a maior parte do tempo.
Por isso, tenho aproveitado para fazer nada: fico navegando e leio blogs, caçando informações sobre Buenos Aires e roteirizando minha viagem de férias (que ainda demora para chegar), fico planejando coisas para fazer no final de semana, checando a programação cultural de SP, caçando receitinhas gostosas que agradem ao marido, pensando em quê ainda preciso arrumar em casa e caçando coisas para deixar a casinha do meu jeito, enfim.
Há algumas semanas decidi dar fim a um dos meus planos e resolvi, de uma vez por todas, comprar o raio do adesivo da parede do meu quarto. Comecei cotando, depois fazendo o desenho e semana passada finalmente fechei tudo. Escolhi entre os modelos que queria, mandei pro lugar mais barato e paguei. Agora, fico aqui na ansiedade pra receber. Parece que chega hoje!!!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dona do lar

Anseio, como nunca, minha casa. Desejo meus sábados só para cozinhar, arrumar, ordenar, embelezar, curtir e descansar. Caseirinha mesmo. Já peguei uma receita salgada e uma doce pro final de semana. Há também a intenção de avançar nas leituras. Criar minhas trilhas sonoras para cada momento: o da leitura, o da organização, o do computador, o do descanso, o da cozinha, etc.
Enfim, organizar a vida e curtir, do meu jeito.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O que você quer ler em 2010?

Eu sempre penso nisso. Além dos livros que a gente compra e ganha no final de ano e vão, automaticamente, para a lista de Para ler do ano seguinte, tem aqueles que a gente tem vontade de ler e por mil razões não leu no ano que acabou.
Então, se você quer saber o que devo ler em 2010,acesse aqui. Se quiser, também pode opinar e indicar novas leituras.
Mas não esqueça, essa lista é como as que fazemos de metas no final de ano. Ou seja, nem sempre se cumprem por completo!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Em busca do tema perdido

No segundo semestre de 2010 eu tenho que elaborar meu projeto da pós-graduação. O único problema é que não tenho nem ideia de que tema adotarei.

Por isso, desde o primeiro do dia do ano qualquer tema de relevância social tem me soado interessante. Tenho lido notícias e buscado informações de uma forma nunca vista: em busca do elo perdido. Talvez perdido nem seja o termo correto, o melhor seria mesmo não encontrado.

Já pensei em muitas coisas, mas ao mesmo tempo criei pra mim um impeditivo: quero fazer um livro reportagem. Acho que essa é a forma mais fácil de realizar o projeto sozinha. No entanto, alguns temas que me vêm a mente só se traduzem, pra mim, em imagens. E agora? A ideia de produzir um documentário novamente realmente me seduz, mas eu sei o trabalho que dá e sozinha desta vez provavelmente não encare. Especialmente por causa da parte da edição. Produção, roteiro e gravações não me assustam. O que não dá são horas e horas na ilha de edição.

Por enquanto, tenho feito uma lista de temas interessantes e eles são diversos demais: saúde, juventude, análise de políticas públicas, direitos humanos e por aí vai…

Se alguém aí tiver alguma luzinha pra acender neste meu túnel escuro aqui, sinta-se à vontade. Eu agradeço, faço dedicatória especial e depois ainda envio uma cópia.
Sexto sentido

São as mulheres que levam a fama de terem o sexto sentido apurado. Mas vou aqui ressaltar que os homens também têm o seu.
Meu marido vira e mexe solta uma indireta certeira. No final de semana passado foi a vez de soltar uma ainda pior: Eu não quero comemorar meu aniversário, não. É muito ruim chamar todo mundo e ninguém aparecer. E você nem invente de fazer festa surpresa.
Eu, que estava já com tudo esquematizado, fiquei indecisa, mas segui adiante nos planos. Só espero que todo mundo vá, assim ele aprende que comemorar aniversário é muito bom. Se a gente tivesse o sábado livre comemoraria em casa, mas como temos um casamento farei na sexta-feira mesmo, num barzinho.
Quero só ver a cara dele.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Cara de feriado

Foi assim que passei meu final de semana: aproveitando tanto que tinha cara de feriado. Cuidei da casa, fiz as coisinhas que queria ter feito e até brinquei de tirar foto das minhas plantinhas.
Aproveitei a calmaria para descarregar as fotos que estavam na máquina desde o reveillon, copiar algumas citações do livro emprestado, cuidar de mim e descansar. Só ficou pendente ler, mas também não tem problema porque um feriado de verdade está por vir e a leitura pode esperar!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Meu jardim


Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores

Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores

Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho

Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho

Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Trechos da Música 'Meu Jardim', de Vander Lee

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Gravidez, filhos e mães

Esse é o assunto principal no trabalho. A mulherada aqui adora. A secretária já tem dois filhos. A outra menina, uma filha de produção independente. A chefe está louca para engravidar e eu tenho planos. Então, imagine só.
Na volta ao trabalho, adivinhem qual é o assunto?
* Disseram aqui que quando a grávida não enjoa muito significa que vai ser muito amiga da filha(o)
* Disseram também que quando a grávida se dá bem com uma criança, o filho vai ser do sexo oposto
* Também falaram que criança pressente
Falamos de suspeitas, dos planos e até contaram as histórias de seus pequenos.
Mais um ano pra assuntar sobre fraldas, enjoos e etc. Lá vamos nós!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Leituras 2009: Top 5

1- Antes de nascer o mundo, Mia Couto
2- De repente, nas profundezas do bosque, Amos Oz
3- Para sempre - amor e tempo, Ana Maria Machado
4- O amor nos tempos do cólera, Gabriel Garcia Marquez
5- Os da minha rua, Ondjaki

Para saber o que mais eu li, clique aqui.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tudo novo de novo

Parece que o ano só começa mesmo no primeiro dia útil. Então, cá estou eu, começando mais um ano. As férias foram ótimas e tão bem aproveitadas que voltei descarregada e com uma virose de praia, então, no primeio dia útil do ano estou aqui em casa, de repouso.
Já estou bem - ruim mesmo foi ontem, mas já fui medicada e hoje eu aproveitei para colocar as coisas em dia. Desfazendo a mala, lavando as roupas acumuladas em mais de uma semana de viagem e fazendo aquela limpeza geral. Guardando as últimas coisas da agenda antiga (mas ainda precisando de uma agenda nova), jogando papéis fora, separando roupas para doação e me livrando de tudo que não serve mais. Preparando também a casa para mais um ano que começa.
Então, que 2010 seja tão incrível quanto 2009 para você, para mim e, de preferência para nós - com tudo de bom que o nós possa juntar em 2010!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Em 2009

Eu me casei;
mudei duas vezes de emprego;
comecei a pós;
tive novas experiências;
aprendi a cozinhar;
li alguns livros e assisti a poucos filmes;
viajei;
estive próxima de quem mais amo;
descobri novos amigos;
briguei mais do que precisava;
chorei menos do que tive vontade;
sorri e ri de tudo que foi possível;
perdi uma avó;
não me preocupei a toa;
aprendi as novas regras de ortografia;
ensinei e aprendi;
me lancei em desafios;
e estou preparadíssima para realizar muito mais em 2010.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Férias coletivas

Hoje é o último dia. To cansadíssima. E hoje só levantei animada porque amanhã posso dormir. E na outra semana posso descansar. E viver. E tudo mais.
A bateria tá pifando mesmo. Precisando destes dias de paz. De descanso. Para dormir. Para ler. Para colocar tudo em ordem e começar 2010 zerada.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O email que eu não mandei

Dizem que 7 anos é tempo suficiente para gerar uma crise em um relacionamento amoroso. Por causa disso resolvi me casar antes de completar tal data embora o casamento tenha acontecido 3 meses depois dos 7 anos completos.
Eu não acreditava que poderia haver crise em um relacionamento que não fosse amoroso, assim sendo eu continuava acreditando no nosso pra sempre. Renato Russo canta e eu sei que ‘pra sempre’ sempre acaba, mas eu não acreditava. Aliás, cheguei a apostar que como minha madrinha de casamento você se aproximaria.
Eu, confesso, já cheguei a culpar seu namorado por esta sua distância toda. Afinal, pra mim, era incabível que você sumisse completamente sem um motivo. Ou existe algum motivo que eu desconheça? Não duvido que aquela história tenha sido um grande propulsor, mas mesmo assim ainda acho que é culpa demais pra tão pouco.

O email, se fosse necessário, seria continuado e enviado hoje. Mas, ainda bem, não precisou.
Aos 27

Comecei o dia bem. Feliz e animada. Usei protetor solar, passei batom e saí.
Porque ano novo para mim é hoje. E se a gente repete durante todo o ano o que faz no primeiro dia só posso crer que aos 27 eu vou cuidar de mim.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Árvore de Natal

Eu estava na dúvida, mas acabei fazendo assim: primeiro comprei a árvore. Depois, alguns enfeites. Aí, arranjei as fotos e ontem mandei imprimir. Amanhã vou comprar papel de scrapbook e, então, mãos a obra.
Minha árvore será de bolas vermelhas, poucos enfeites e fotos, muitas fotos. Ao todo, são 29! Todas devidamente enfeitadas com papel de scrapbook que vou comprar amanhã para fazer a moldura.
Não vejo a hora de chegar o final de semana só pra eu montar a árvore, que já tem os presentes que vão embaixo comprados!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Pensamentos

Poucos são as coisas que, a esta altura do ano, ocupam a minha mente. Eu mesma estou voltada ao meu aniversário e ao Natal. Do resto eu não quero nem saber.