segunda-feira, 7 de março de 2005

Engraçado é que eu posso me esforçar o quanto eu quiser, mas eu não consigo te tirar de vez da minha vida. Às vezes são os sonhos, às vezes as situações, às vezes as músicas, e etc... sempre alguma coisa me traz você à tona. Ultimamente tenho pensando mais em você. Talvez porque queria que tudo ficasse mesmo resolvido. Tem tanta coisa a ser dita, a ser feita, sempre tudo ficou pela metade. Eu até tento abstrair e pensar que tinha que ser assim, mas eu simplesmente não consigo. Certas coisas tem que ter explicação. O fato, tenho pensado e sei que muitas vezes é a solução, tem que ser consumado. Acho que só assim a gente vai conseguir se livrar do fantasma do outro. Ainda hoje recebi o texto que segue abaixo e pensei no que passou. Espero que goste. Certamente, assim como eu, você já deve ter lido, recebido por e-mail. Mas mesmo assim queria que você prestasse atenção.

Viver não dói (Carlos Drummond de Andrade)

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

O texto praticamente vai de encontro com a sua frase do orkut. Sonho versus vivido. E vai mais na linha do que eu tenho pensado, de uns tempos para cá. Que somente quando a gente conseguir viver tudo que foi querido, pretendido, sonhado, planejado, e etc é que a gente vai conseguir passar por cima disso tudo e, finalmente, superar.

Nenhum comentário: