quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

Ontem eu saí para ir na loteria, aqui perto. Cheguei lá e estava a maior fila e na mesma hora fiquei arrependida de ter enrolado tanto para sair de casa. Mas mesmo contrariada entrei na fila pensando: "Vai que dá estes números e eu não joguei, minha mãe me mata!" Quando faltavam apenas umas duas ou três pessoas para serem atendidas e chegar a minha vez comecei a passar incrivelmente mal. As pernas tremiam, a mão suava frio e a vista estava ficando turva, embaçada, negra. Comecei a me abanar e a respirar fundo para ver se passava, mas eu fui piorando e comecei a não mais enxergar quem estava a minha volta. Recostei no balcão, meio longe da fila e nada de melhorar. Até que escuto ao longe: "Moça, a senhora tá passando mal?" E eu tive tempo de responder: "Estou, acho que vou desmaiar." Não tava vendo mais nada e só ouvia o povo se mexendo, "pega uma cadeira" . Senti alguém me pegando pelo braço, me sentando e abaixando meu tronco. E comecei a me sentir melhor. Aos poucos a visão foi ficando normal e vi um senhor me ajudando. Trocentas pessoas à minha volta, mais a fila da loteria toda me olhando. Colocaram sal embaixo da minha língua, me fizeram beber água, tentaram medir a minha pulsação. Perguntaram minha idade, meu nome, um telefone, meu endereço. Maior pânico. O senhor me levou até a drogaria, que é do lado, e mandou medir minha pressão (detalhe: 8 por 6). E ele fez toda questão do mundo de me levar em casa de carro, sendo que estávamos apenas a duas quadras da minha casa. Eu nunca vi tanta gente desconhecida e comovida por minha causa. Me deu o maior medão, mas no final ficou tudo bem. Depois cheguei em casa e fui deitar para me recuperar da queda de pressão. Mas o senhor foi um anjinho comigo e me deixou até contente de ver que ainda existem pessoas bacanas no mundo. Ele inclusive me contou que Adriana é o nome da neta dele, mas que ela só tem 18 anos.
Começar o ano passando mal deste jeito sem motivo é do mal.
E eu ainda preciso voltar lá e agradecer - mais uma vez - ao senhor que me ajudou.

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