quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

Hoje eu peguei umas fitas antigas. Engraçadíssimo. Eu gostava mesmo era de entrevistar os outros e que figura.
Nas fitas tinham coisas realmente antigas. Dos idos de 1990, quando eu ainda usava cabelo curto e franjinha, aparelho fixo (que nem sempre estavam aonde deviam - nos dentes - virava e mexia a pecinha caía e eu exibia só uma pecinha), tinha a Leda, tinha cachorros, tinha irmão que ainda chupava chupeta. Sim, eu tinha só oito anos e passava as férias na praia.
Em outra fita tinha o filme Lili, que eu não assisti, só passei pra frente. Mas fiquei com a musiquinha na cabeça (O mundo gira depressa/ E nestas voltas eu vou/ Cantando a canção tão feliz/ Que diz/ Hi Lili hi lili hi lo...) e mais pra frente tinha o segundo capítulo do programa A Turma do Balão Mágico (Chega mais um pouco/ vai ter circo/ Vai ter banda/ Vai ser bom demais/ Chega mais um pouco/ Quanto mais gente vem ver/ Mais gente vai ver mais/ Tem até fantasma engarrafado/ E um dragão ligado num bujão de gás.)
Juro que até chorei de saudades da minha infância.

Meus oito anos (Casimiro de Abreu)

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh ! dias da minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

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