domingo, 25 de maio de 2003

Ontem, depois do fondue, eu vim rodar na net. Conversei com ela, li os blogs que ainda não tinhadado tempo, mandei e-mails e fiquei lendo umas coisas pra ver se achava alguma coisa que dissesse sobre o vazio que eu estava sentindo. E achei mais do que isso, achei a resposta de pergunta latente. A pergunta eu tinha feito em um dos e-mails e era a seguinte: Porquê os meus fantasmas (os meus e de todo mundo) viram e mexem voltam pra atormentar ? E a resposta veio em forma de crônica. Uma crônica de Martha Medeiros que, tantas vezes, fala por mim. Acabei mandando a crônica prumas pessoas e hoje decidi que eu vou colocar aqui.

Os amores inesquecíveis

Todo mundo tem um passado romântico. Mesmo os que ainda não têm muita idade podem se lembrar de um amor do colégio, um amor de verão ou um amor que nem se concretizou, foi só uma birra, uma obsessão infantil. E os mais maduros lembram, certamente, de um amor secreto, de um amor relâmpago, de um amor que não começou bem ou que nunca terminou direito, um amor proibido, enfim, um amor que não sai da lembrança porque não era pra ser um amor real, sempre foi um amor desvinculado do cotidiano. São esses amores tortos os mais difíceis de tirar da cabeça.
Se você teve um amor que desde o início visava um compromisso, que sempre foi direcionado para a convivência mútua, fica mais fácil esquecê-lo depois do rompimento. Você e seu namorado(a) tinham um projeto que não vingou porque vocês descobriram desequilíbrios de intenções, aos poucos tudo foi ficando menos atraente e a convivência diária esfriou os ânimos. São amores racionalizáveis. Dá-se adeus sem tanto trauma, em busca de um novo par.
Mas um casal que não tem projetos, que não intenciona dividir o mesmo teto, que está junto só porque estava escrito nas estrelas que eles iriam se cruzar um dia, esses danaram-se. Quem são esses casais que não estão vinculados ao cotidiano? Amantes, geralmente. Ou pessoas que moram em cidades diferentes. Ou paixões viabilizadas pela internet. Ou então são jovens, virgens e ainda dependentes dos pais. Estes custam mais a esquecer seus amores platônicos porque os motivos do desenlace são geralmente tão românticos quantos os motivos que os aproximaram. Eles não terminam a relação por causa da incompatibilidade de gênios, ou por causa de uma traição, ou por tédio. Eles terminam porque a realidade os chama, porque os comportamentos convencionais são mais cômodos e fáceis de lidar. Mas, emocionalmente, seguem sendo um do outro.
É só uma teoria. Mais uma pra tentar entender o mistério maior da vida.

Martha Medeiros

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