terça-feira, 31 de julho de 2007

A política, o gesto e a mídia

Eu normalmente me abstenho dos comentários políticos aqui. Aliás, aqui e em qualquer lugar. Mas já faz dias que os dedos coçam para que eu faça algumas observações a cerca do episódio do gesto obsceno feito pelo assessor internacional do governo, Marco Aurélio Garcia.

É claro que concordo com muitas opiniões que estão por aí e falam que foi um absurdo, mas como jornalista não posso achar menos absurdo a posição da rede de televisão que a gravou e, pior, exibiu.

Alguém aí já se perguntou o que fazia uma câmera filmadora apontada para aquela janela? Exatamente na hora da veiculação do grande jornal da tal emissora? E incrivelmente no dia que a matéria “isenta” o governo?

É triste, tristíssimo, pensar na mídia que temos. E se há um ditado nas sociedades livres que afirma que cada povo tem o governo que merece, o que posso eu pensar sobre a mídia e o jornalismo praticado e assistido/lido/ouvido diariamente?
E ninguém sequer comentou. Todo mundo fica indignado com a cena top-top, mas não pensa em quais interesses tinham nisso tudo. Quais as forças que estão neste imenso jogo de poder que a mídia e a política promovem, muitas vezes, conjuntamente. Quem manda em quem? Qual a verdadeira mensagem por trás das imagens?

O Estadão incita algo assim (clique aqui), mas não vai além e deixa, ainda, muitas outras perguntas no ar. Afinal, é mais fácil deixar como está e indignar-se apenas com a imagem do que com todo o contexto que a envolve, pois isso seria – além de tudo – desafiar a toda poderosa emissora de TV.

domingo, 29 de julho de 2007

A contradança 2

Caminhavam juntos pela casa enquanto conversavam. Chegaram ao quarto e dirigiram-se para a janela, que foi fechada. Meia-luz, penumbra e rodopios. Parecia uma dança. Era quase uma valsa. E ele disse: no dia que eu me casar eu quero dançar assim pelo salão.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

A contradança 1

Ele não gosta de dançar. Não gosta de cantar. Não gosta de lugares fechados e nem de inferninhos. Não é chegado a romantismos, mas ainda é capaz de improvisar e agradar. E foi assim, de repente que ele provou isso. Ela já nem acreditava mais que ele seria capaz de qualquer ato romântico. Ele levantou e a abraçou ao lado da cama, sem mais nem menos. E então começaram a se mover e a dançar no silêncio do quarto. Não havia música nem melodia. Mas eles dançaram como nunca, feito uma cena de cinema.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Diálogos e elogios

*
Menino 1: Hmm, como você está bonita hoje. Tá até de bota.
Euzinha: Obrigada! De vez em quando faz bem, né?
*
Menino 2: Você tá linda hoje!
Euzinha: Obrigada.
Menino 2: A roupa, o jeito, tudo. Você tá feliz porque voltou a trabalhar, né?
Euzinha: Eu tô!
Menino 2: É isso!
*
Pessoas diferentes, lugares diferentes, situações diferentes. Elogios iguais. E quem não ia amar?

sábado, 21 de julho de 2007

Podia ter sido comigo

Sexta-feira estava na saída do metrô quando olhei para uma pessoa que estava ao meu lado e achei que ela não tinha a melhor das caras e nem a melhor das aparências. Pensei que devia sair dali porque eu estava sozinha. Só que ao mesmo tempo eu reparei que ele olhava fixamente para a menina que caminhava para fora do metrô e falava ao celular.

Eu já tinha reparado nela fazia alguns segundos e estava até prestando atenção na conversa dela, que era sobre exames, talvez uma consulta e o pagamento durante o final de semana. Quando ela chegou bem mais perto foi que reparei nessa pessoa e vi que em um impulso ele se direcionou a ela. Então, me vieram dois pensamentos: 1) eles se conhecem e ele a estava esperando; 2) ele vai bater nela! Sim, não foi só com ímpeto que ele se dirigiu à ela, foi com tudo e com as mãos em direção ao rosto dela dando a impressão de que iria pegá-la e bater, sei lá.

Na mesma hora em que pensei isso (2), ela também deve ter pensado a mesma coisa e se assustou com aquela pessoa que vinha pra cima dela. Ele simplesmente pegou o celular dela disse Bom Assalto! e saiu correndo. Na mesma hora comecei a passar mal de medo: tremedeira, suar frio, desorientação, etc. O outro grupo de pessoas que estava na minha frente também ficou assustado e resolveram sair da frente do metrô. Como eu estava esperando uma pessoa resolvi que era melhor entrar no metrô, pois isso me daria um pouco mais de segurança.

Fiquei super nervosa porque podia ter sido comigo. Eu estava ali, do lado dele e bem mais perto da moça que estava falando ao celular e carregando uma bolsinha, que ele podia ter levado com ele. Fiquei assustada e sei que voltarei a andar pelas ruas da cidade aterrorizada por uns dias até que a má impressão acabe. Mas acho que as coisas só nos causam estranhas sensações exatamente quando nos damos conta de que poderia ter sido conosco. E foi assim esta semana e este não foi a única situação.

No meio da semana foi a vez do acidente da TAM me abalar de verdade. Claro, eu fiquei chocada como todas as pessoas. Achei triste e tudo mais. Até queria escrever sobre o acidente aqui, mas depois pensei que talvez usaria as mesmas palavras que todos já havia usado: indignação, tristeza, revolta, tragédia anunciada, pista que termina dentro da cidade, etc. Enfim, achei que não ia valer a pena e passei a vez.

Até que a Thaty me ligou perguntando se eu estava sentada. Já sabia, pelo tom de voz, que era notícia ruim na certa. Juro mesmo que pensei em morte só não associei ao acidente naquelas frações de segundo. Foi quando ela me contou que a irmã de uma amiga de colégio morrera no acidente.

Advogada e jovem - apenas 29 anos - como muitas pessoas que estavam no avião, mas muito mais próxima de mim do que todas as outras. Deixou uma filha de 3 anos e um marido, além da mãe, das irmãs, das amigas, dos outros familiares, etc. E foi aí que eu não agüentei. Foi aí que chorei de verdade pensando que podia ter sido na minha família. Foi aí que eu pensei que os parentes, amigos e até o marido vão ter muitas lembranças dela, mas a filha não.

Eu nem consegui escrever nada no orkut para essa amiga de colégio. Esperei mais uns dias para digerir melhor a história. Me sentir mais capaz de pensar e tentar escrever alguma coisa. E então, nessa semana foi que pensei que a gente sofre pelas tragédias principalmente quando nos colocamos no lugar das vítimas fatais e das vítimas indiretas. E é também nesse momento que a gente percebe o quanto a vida é frágil e, por isso, sofre e chora como aconteceu comigo.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Programão

Pro final de semana terei muitos filmes. 5 filmes, 5 dias, 10 reais. Promoção da locadora que me rendeu: A liberdade é azul, A igualdade é branca, A fraternidade é vermelha, Memórias de uma Gueixa, A Rocha e um lançamento: O contrato.
Lá vou eu. Ontem já assisti um e ainda tem mais pro final de semana. Sexta-feira ainda tem Teatro Mágico e eu não vejo a hora.
Domingo faço uma prova de concurso público. Não estudei nada como queria, mas junho veio atropelando e julho ficou por conta de colocar a casa em dia. Vai ser na sorte. Ou melhor, eu sei que não vai ser, mas tudo bem.
E ontem me ligaram perguntando se eu trabalharia por um mês lá onde já trabalhei por mais de um ano. Topei, mas não acertei os detalhes. Só sei que esse trabalhinho veio a calhar. Parece que as coisas se ajeitam mesmo que a gente não faça tantas coisas assim. Eita nóis!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

SMS

1- Um dia de madrugada:
Orme, orme. Se eu não durmo ninguém dorme. Fulando, o insone em Sampa.

2- Alguns dias depois, logo cedo:
Você sabe até que horas vale o rodízio? Valeu.

3- Ontem à tarde:
Será que um dia você vai responder uma mensagem minha?

sábado, 14 de julho de 2007

Indicações

O Nomínimo acabou, mas alguns colunistas continuaram com blogs próprios. Aconselho a leitura de Nonsense de Luiz Antônio Ryff. É ótimo. As histórias são bizarras e dá até medo de pensar que são verídicas. Não sei se é pior elas acontecerem ou serem noticiadas. Anyway.
O blog da Carla Rodrigues também é muito bom, vale a pena ler sempe. Clica aqui.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Muitas coisas

Tem propaganda na TV que você assiste e sofre - muito. Eu, nestes casos, fico pensando: E tem gente que jura por deus que é publicitário. Mas tem propagandas que dão até gosto de assistir. Este, pra mim, é o caso da propaganda da Oi. Quem ama bloqueia é uma idéia genial e apesar da música ser grude eu adoro. A-do-ro.
*
Defina uma tarde de sexta-feira perfeita. Pois é, a minha foi assim ó: cinema com a amiga xará preferida e um amigo dela - que eu já to considerando amigo também -, depois comer sobremesa delícia e muitas conversas, algumas lágrimas e mais conversas. E foi sim a sexta-feira mais perfeita de todos os tempos. Amei.
*
Paris, te amo é tudo. Amei o filme. Se fosse escolher a parte mais legal escolheria a história do cego. Amei. Agora quero pra mim. E vou recomendar, pra todo mundo. Podem assistir que vale a pena.
*
E quando você conhece uma pessoa e ela te lembra - pelo físico - outra pessoa. Outra esta que você já foi ensandecida. Não, não, não. Desacreditei. Pasmei. Choquei. E fiquei olhando, reparando e tentando, mentalmente, comparar e encontrar as semelhanças. Achei: boca, nariz, olhos. Sério. Sério. Sério. Nem eu estava conseguindo.
Amigo é pra essas coisas...

... dividir uma pipoca doce;
... dividir uma conquista;
... dar uma bronca e muitos conselhos;
... dizer que está certa;
... beber na mesa do bar;
... conversar na porta do estacionamento;
... fazer companhia no Mc;
... dividir um segredo;
... contar sobre si e perguntar de ti;
... tirar fotos;
... dar risada das nossas trapalhadas;
... brindar;
... pra fazer uma confissão;
... é pra tudo e é pra sempre.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Das histórias de livro

Eles entram na farmácia e todo mundo fica olhando. O farmacêutico que estava de bate-papo na porta entra para atendê-los e antes disso os cumprimenta. A pedido dele, a garota pega os doces à venda na farmácia e abre e os dois começam a comer enquanto o farmacêutico foi pegar o remédio que ele pedira. Eles dividiram um doce de leite. E ele brincou dizendo que estava todo mundo olhando porque ela pegava, abria os doces e comia - ali mesmo. E ainda disse pro farmacêutico simpático: olha ela está roubando. E o farmacêutico defendeu a menina dizendo que não. Ele perguntou que doce mais ela queria, mas ela rejeitou. Ele insistiu e ela escolheu o óbvio - um chocolate. Ele ficou com a cocada.
Outra pessoa olhou e sabe-se porquê. E questionou. Ele disfarçou, abaixou a cabeça - devia mesmo querer cavar um buraco e sumir enquanto a garota hesitava e, rendendo-se, confirmava. Sim. É quem você está pensando. As pessoas seguem, mas eles ainda ficam ali. Ela é a cúmplice dele naquela tarde. Como se tivessem cometido um erro crasso, um homícidio qualificado, planejado um roubo a banco, são vistos e analisados. Alguns até omitiam palavras, falavam com eles. Era como se no fundo estivessem os acusando, apontando o dedo e dizendo: São eles! São eles!
É, eram eles.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Feriado bom com direito a:
bicicleta no Ibirapuera,
árvore e sombra no calor do parque com Fernando Pessoa,
Quadrilha e arraiá no sítio da amiga,
Gincana e pulação de corda no domingo.
E ainda nem acabou.
Eeee coisa boa.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Hoje

Estava andando e cantando pela rua - é eu canto pela rua enquanto caminho - quando uma mulher parou na minha frente. Você é a do curso? Olhei. Ahn? Ela já meio na dúvida. Você não é a do *&¨%$#@#¨&**? (o nome do curso tá gente, é que eu na verdade quase não entendi e menos ainda memorizei). Eu com cara de você está me confundindo. Não. Ela já sem entender. Ah, desculpa. Eu saí andando. Imagina!
E agora eu fico me perguntando: será que ela me confundiu com alguma adolescentezinha? É porque outro dia uma amiga, que estava cobrindo um evento comigo, foi capaz de achar que era eu uma menina de uniforme. Veja bem: U-NI-FOR-ME. Eu já não uso estes trajes há muitos anos. E não deve ter sido com uma menina que estava no colegial; tenho certeza que ela deve ter achado que era eu uma menina da sétima série. Então, vontando. Será que ela achou que eu fosse a substantivo oculto porque ela não pronunciou porque eu estava andando e cantando? Ou será que ela achou que eu fosse outra pessoa porque eu sou um tipo comum: cabelos lisos, castanhos e cumpridos, magra, estatura mediana e de óculos?

quinta-feira, 5 de julho de 2007

terça-feira, 3 de julho de 2007

O problema sou eu

Não gosto de assessoria de imprensa. Não adianta. Odeio. Não sei se é porque estive primeiro do lado de lá da coisa, na redação, ou se porque não nasci pra isso mesmo. Mas não tem jeito. Eu estou tentando, mas com pouco tempo de tentativas já estou sofrendo. Eu sei que esse é o nicho de mercado que mais cresce, que as chances em redações são raras e poucas, que é nas assessorias que estão os melhores salários. Eu sei de tudo isso. Mas ainda não consigo. Quem sabe se um dia o salário for mesmo bom - porque nesse caso é uma porcaria - e o sacrifício valer a pena, pelo menos, financeiramente? Por enquanto não vale. Vou tentar mais um pouco porque eu não sou de desistir tão facilmente, mas acho que já sei qual vai ser o resultado.
Eu gosto mesmo é de fazer entrevista, escrever texto, camelar na rua. Eu gosto do que dizem ser o romântico do jornalismo. Eu amo deadline, fechamento, cheiro de revista nova chegando da gráfica, dia todo na rua e uma tela em branco piscando à espera de um texto meu depois de tudo.
É disso que eu gosto. E é isso que eu quero.

domingo, 1 de julho de 2007

Calendário às avessas

Feriado à vista e planos para viajar. Interior é o provável destino. Mas eu tenho dúvidas. Ando querendo calma. Ficar em casa, ajeitar minhas coisas, me organizar.
Eu achei que o mês de maio custou pra passar e dei graças a Deus quando acabou. Já sabia que ia parar de trabalhar desde o começo do mês, então me pareceu um mês arrastado, sem fim, em que as coisas não aconteciam. Mas veio junho todo bagunçado. Essa coisa de trabalhar em casa me deixou meio sem rotina - que apesar de não ser uma coisa que eu goste funciona muito bem, obrigada - e daí vieram os frilas atropelando tudo e eu já não sabia mais o que fazer. Trabalhei, ralei mais do que estava habituada e minha vida desandou. Todos os planos para as horas vagas foram perdidos e eu fiquei com a impressão que de quanto mais se planeja menos se concretiza. E eis que hoje começa julho. Acho que nesse mês eu consigo me colocar em ordem.
Tenho trabalho, mas não tenho emprego. Quero focar na minha busca por um e fazer outras coisinhas que tinha me planejado para o mês que acabou e não consegui. Só que o feriado já quebra tudo isso. Enfim, planos... vamos ver o que acontece.